Dólar e petróleo, e não coronavírus, levam Gol a prejuízo de R$ 2,261 bilhões
A Gol (GOLL4) voava rumo a resultados recordes no início de 2020, mas foi uma série de obstáculos a tirou da rota. A empresa apresentou prejuízo líquido de R$ 2,261 bilhões no primeiro trimestre, revertendo o lucro líquido de R$ 35 milhões no mesmo período do ano passado.
Embora a pandemia de coronavírus tenha pesado sobre os números e, portanto, seja citada no relatório de resultados, ela não foi o principal responsável pelo mau desempenho. O maior vilão foi a disparada do dólar.
A prova está na comparação das linhas do balanço. A receita líquida, de R$ 3,147 bilhões, foi apenas 2% menor que a do primeiro trimestre de 2019. A companhia recorda que as primeiras medidas para o combate à pandemia foram tomadas em 16 de março, com redução e cancelamento de voos.
A empresa também desenvolve, há vários trimestres, um forte programa de contenção de custos e despesas. Assim, os custos operacionais somaram R$ 2,122 bilhões, marcando uma queda de 21,5% na comparação.
Perdas financeiras
Assim, o resultado operacional da Gol, conhecido como ebit (lucro antes de impostos e taxas, na sigla em inglês), foi 102,6% maior, e somou R$ 1,025 bilhão.
Foram as despesas financeiras que corroeram todos esses ganhos. O resultado financeiro, um déficit de R$ 3,243 bilhões, foi puxado pelo impacto negativo de R$ 2,531 bilhões das variações cambiais e monetárias, além de perdas de R$ 354 milhões com derivativos e de R$ 17,9 milhões com o hedge de petróleo.
A partir desta linha, o resultado antes de impostos já era um prejuízo de R$ 2,218 bilhões, ante lucro de R$ 105,1 milhões na comparação com igual intervalo de 2019.
Um sinal de que a parte operacional da companhia está saudável é a geração de caixa, medida pelo ebitda, que cresceu 51,3% e somou R$ 1,439 bilhão. Com isso, a margem de ebitda aumentou 16,1 pontos percentuais e encerrou março em 45,7%.
Veja o relatório de resultados da Gol.