Dólar e juros futuros disparam com expectativa por ‘buraco fiscal’
O dólar disparava 2,56% por volta das 11h45 desta terça-feira (7), a R$ 4,9172, com o plano do presidente Jair Bolsonaro para reduzir os preços dos combustíveis.
O comportamento do câmbio no país contrastava com o índice DXY, que mede o comportamento da divisa contra uma cesta de moedas fortes, que caía 0,02% no mesmo horário.
A medida anunciada pelo Executivo aumentou as preocupações dos investidores com as finanças do governo às vésperas da eleição presidencial de outubro, elevando as apostas em juros altos por longo tempo.
Os contratos DI com vencimento em janeiro de 2023 subiam 0,15%, a 13,47%, os com vencimento em janeiro de 2025 escalavam 1%, a 12,66%, e os juros de janeiro de 2027 avançavam 1,45%, a 12,5%.
O que aconteceu
O governo federal confirmou que quer reduzir a carga tributária sobre os combustíveis. O acordo anunciado prevê zerar o ICMS sobre diesel e gás de cozinha, zerar os impostos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre a gasolina e etanol e compensar os Estados por parte da perda de arrecadação.
Segundo a XP Investimentos, se o pacote completo do governo for implementado, o impacto sobre a inflação de curto prazo pode ser substancial, de até 2 pontos percentuais no IPCA cheio. No entanto, a medida deve criar um “buraco fiscal” que pode atingir R$ 100 bilhões até o final do ano, diz.
O estrategista-chefe da Renascença, Sergio Goldenstein, destacou que a “única âncora fiscal”, o teto de gastos, já tinha perdido credibilidade com a PEC dos Precatórios. “Agora, pode novamente ser flexibilizado por uma medida oportunista”, disse.
A regra do teto de gastos, que limita o crescimento dos gastos públicos à taxa de inflação, seria contornada por uma emenda constitucional solicitada por Bolsonaro para compensar os estados por sua perda de receita, caso concordem em eliminar completamente o ICMS sobre diesel e gás natural.
*Com informações da Bloomberg