Dólar dispara na abertura em reação à eleição de Lula
O dólar à vista abriu em forte alta de 2% frente ao real, perto de R$ 5,40 para venda, com investidores reagindo à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ontem. O ex-presidente foi eleito com 50,9% dos votos, pela terceira vez.
Por volta das 9h15 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,7%, a R$ 5,33, enquanto o contrato futuro com vencimento em novembro tinha alta de 0,5%, a R$ 5,36. Lá fora, o Dollar Index subia 0,37%, aos 111,1 pontos.
As eleições presidenciais chegaram ao fim, mas é só o começo de uma nova etapa, a de transição de governo. E ainda, o mercado eleva a ansiedade à espera da formação da equipe de Lula para os próximos quatro anos. Principalmente, a econômica.
Piora no mercado local
Como previsto, analistas reforçam que o dólar vai sofrer uma piora local. O sócio e analista da Ajax Asset, Rafael Passos, avalia que hoje o mercado deve se ajustar aos resultados das eleições. Depois, os movimentos serão reflexo dos nomes dos integrantes da equipe do presidente eleito, a serem anunciados. Especialmente, a composição de seu Ministério da Economia, diz ele.
“É normal que haja volatilidade adicional até que se tenha direcionamentos mais claros. Sendo assim, o mercado deve evitar maior alocação ou posição mais relevante, à espera de maior visibilidade em relação a composição de seus ministérios”, comenta.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, reforça que no primeiro momento, os ativos domésticos deverão mostrar uma piora. Segundo ele, com a eleição de Lula, resta saber qual será o perfil de seu governo, principalmente, em relação a economia e a sustentabilidade fiscal.
“A continuidade das incertezas decorrentes da mudança de governo continuará a pesar negativamente nos ativos domésticos”, acrescenta Passos.
Desafios de Lula
O sócio da Ajax diz que, apesar de seu primeiro discurso, o governo Lula terá problemas maiores para conseguir equacionar uma agenda social com as necessidades econômicas atuais do país. “Haverá uma forte pressão para a apresentação de um plano factível à saúde fiscal [do país]”, destaca.
Sanchez, da Ativa, ressalta que, ainda que em diversos momentos tanto Lula quanto sua equipe tenha defendido o bom curso fiscal, há uma grande incompatibilidade entre o pretendido e o possível.
“É imprescindível lembrar que o perfil do Congresso, ideologicamente, é de oposição. O que piorará muito a governabilidade. Portanto, seria mais prudente para o novo executivo que trouxesse um nome para a condução da economia que tivesse o mínimo trato com o parlamento. Não apenas político, mas principalmente ideológico”, comenta.
Semana agitada
Além da eleição de Lula, hoje é o último dia de outubro e tem a disputa pela formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) -, de fim de mês, que deverá trazer uma volatilidade adicional ao movimento da moeda norte-americana.
Amanhã, é véspera de feriado no mercado local e investidores devem se proteger da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta-feira. Para fechar a semana, na sexta, tem a divulgação dos relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos, o payroll.
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