Dólar dispara e tem maior alta mensal desde junho de 2022; veja cotação
O dólar à vista disparou frente ao real no pregão desta quinta-feira (31), chegando a oscilar perto de R$ 10 centavos durante o dia, marcado pela formação da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) -, de fim de mês.
Além disso, a valorização da moeda norte-americana acompanhou movimento mais forte no exterior e as preocupações do mercado doméstico com o Orçamento do governo.
Desta forma, o dólar encerrou o último pregão de agosto em alta de 1,70%, negociado a R$ 4,95 para venda, no maior valor de fechamento em dez dias. Lá fora, o Dollar Index (DXY) subiu 0,4%, aos 103,5 pontos.
Com isso, a moeda disparou 4,8% em agosto, após dois meses seguidos de queda. Foi a maior alta percentual mensal desde junho de 2022.
Dólar dispara com exterior e movimento técnico
A oscilação da divisa estrangeira na parte da manhã foi praticamente em volta da disputa pela formação da taxa Ptax, encerrada no começo da tarde. No clássico entre investidores comprados e vendidos, desta vez, a vitória ficou com os comprados, diz o diretor de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.
Além da Ptax, as cotações reagiram a alguns dados econômicos que deram força à moeda norte-americana no exterior.
Os gastos dos consumidores dos Estados Unidos, que representam mais de dois terços da atividade econômica do país, aumentaram 0,8% em julho, segundo o Departamento de Comércio. Portanto, o resultado ficou levemente acima da projeção dos economistas, de 0,7%.
Por outro lado, a inflação medida pelo índice de preços (PCE) subiu 0,2% no mês passado, repetindo a taxa mensal vista em junho. Com isso, os dados sustentaram a alta firme do dólar ante suas moedas pares.
- Méliuz pode dar adeus ao Ibovespa: Veja a nova composição do índice e os impactos da mudança no Giro do Mercado; Clique aqui e saiba mais! Fique ligado em todas as lives: inscreva-se no canal do Money Times
Cautela com Orçamento de 2024
Aqui, na parte da tarde, o sentimento de cautela predominou em meio a proposta do governo federal para o Orçamento de 2024.
Em entrevista coletiva no início da tarde, os ministros do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e da Fazenda, Fernando Haddad, confirmaram a meta fiscal de resultado primário zero para o próximo ano – objetivo visto por economistas do mercado financeiro como difícil de ser alcançado.
Além disso, o Orçamento para 2024 traz ampliação de gastos de R$ 129 bilhões em relação a este ano. Para cumprir a meta de primário zero, o projeto estabelece um aumento de R$ 168 bilhões em arrecadação, incluindo receitas ainda não aprovadas.
“Eles vão lutar para atingir a meta zero, mas terão que buscar outras fontes de receita”, comentou o head de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano, em entrevista à Reuters.
Caciano acrescentou que, depois da Ptax, o fiscal passou a comandar o desempenho do dólar. “Houve um movimento de compra de proteção, com o investidor estrangeiro comprando moeda. O estrangeiro está se protegendo”, acrescentou.
Falando nos gringos, eles voltaram a colocar capital na Bolsa brasileira no pregão de terça-feira (29), após cinco dias seguidos de retiradas de dinheiro. Contudo, no mês até dia 29, o saldo era negativo em R$ 12,8 bilhões. Por outro lado, seguia positivo no acumulado de 2023, chegando a R$ 11,2 bilhões.
*Com Reuters