Dólar supera R$ 5,52 em meio a declarações de Lula e mudança no regime de metas de inflação
O dólar à vista (USDBRL) renovou a máxima do ano na primeira hora do pregão desta quarta-feira (26). A moeda norte-americana atingiu R$ 5,5264 durante a manhã e encerrou as negociações a R$ 5,5194 (+1,19%) – o maior nível desde janeiro de 2022.
O movimento acompanha o desempenho do dólar no exterior. O indicador DXY, que compara a divisa norte-americana com uma cesta de seis moedas fortes, avançou quase 0,50%.
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Mas o cenário doméstico também contribui para o enfraquecimento do real.
A máxima foi renovada em meio a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao UOL, que trouxe novas incertezas sobre o cenário fiscal. Acompanhe ao vivo.
Entre as falas, o chefe do Executivo afirmou que o “problema não é ter que cortar [os gastos], é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação”.
Além disso, o mercado reage à mudança do regime de metas — que teve o aval do presidente Lula ontem (25). O regime de meta de inflação atual, chamado de ‘ano-calendário’, considera o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de janeiro até dezembro.
Já o modelo de meta contínua, que deve ser implementado a partir de 2025, considera continuamente se a meta está dentro do que foi definido pelo governo — de 3%.
Com isso, o Banco Central passará a buscar a meta — com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — a partir do ano que vem.
O decreto deve ser publicado no Diário Oficial da União ainda hoje, após a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), marcado para às 15h (horário de Brasília).
O grupo, formado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também deve decidir pela manutenção da meta de inflação em 3%.
Ontem (25), a moeda norte-americana fechou esta terça-feira (25) em alta de 1,19%, a R$ 5,4544.
IPCA-15 em segundo plano
Ofuscado pelo cenário fiscal, a prévia da inflação desacelerou. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) ficou em 0,39% em junho, após alta a 0,44% em maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado ficou abaixo das expectativas do mercado, de 0,44% para o mês.
“A surpresa de -3 bps em relação ao esperado por nós é justificada por itens voláteis (passagem aérea e gasolina) e que levam o IPCA fechado de junho a um ajuste automático baixista”, afirma Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.