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Dólar devolve perdas contra real; mercados digerem dados de inflação dos EUA

10 jun 2021, 13:24 - atualizado em 10 jun 2021, 13:24
Às 12:37, o dólar recuava 0,02%, a 5,0693 reais na venda (Imagem: Pixabay)

O dólar passava a rondar a estabilidade contra o real nesta quinta-feira, depois de chegar a cair mais cedo mesmo após dados norte-americanos mostrarem um salto maior do que o esperado nos preços ao consumidor em maio, com os investidores atentos às próximas reuniões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.

Às 12:37, o dólar recuava 0,02%, a 5,0693 reais na venda.

O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou nesta quinta-feira que seu índice de preços ao consumidor subiu 0,6% no mês passado, após alta de 0,8% em abril, que havia sido a maior taxa desde junho de 2009.

Nos 12 meses até maio, o índice acelerou a 5,0%, maior alta anual desde agosto de 2008, que veio após ganho de 4,2% em abril.

Economistas esperavam alta do índice de 0,4% em maio e de 4,7% em 12 meses.

Mais cedo, logo após a divulgação dos dados, o dólar chegou a cair 0,74% contra o real, à mínima do dia de 5,0329 reais.

Segundo Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office, o movimento cambial refletiu um resultado apenas “um pouco acima do esperado” no relatório de inflação dos EUA. “Isso mostra que os dados ainda têm uma previsibilidade”, um fator de alívio depois que a leitura de abril superou exageradamente as expectativas dos mercados.

Ainda assim, disse ele, a inflação é um tema que vai continuar no radar dos operadores à medida que as principais economias se recuperam da crise gerada pela pandemia de Covid-19.

Na quarta-feira que vem, o Federal Reserve encerrará seu encontro de política monetária de dois dias, e os investidores devem ficar atentos ao posicionamento do banco central em relação à inflação e às discussões sobre uma possível retirada de parte de seu apoio à economia.

Enquanto isso, no cenário doméstico, os investidores aguardavam a decisão de juros do Banco Central, cujo Comitê de Política Monetária (Copom) também encerra seu encontro de dois dias na quarta-feira da semana que vem.

Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, disse em blog que “a inflação mais elevada e o cenário mais positivo de crescimento podem levar, em algum momento, o Banco Central a abandonar sua sinalização de ajuste parcial das taxas locais de juros”.

O termo “normalização parcial”, adotado pelo Banco Central, indica a intenção de ainda se manter um estímulo à economia, com os juros mais altos mas abaixo do patamar considerado neutro.

Na quarta-feira, o IBGE informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83% em maio, resultado mais forte para o mês desde 1996, ficando acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,71%.

Na semana passada, o IBGE também informou que a economia do Brasil registrou crescimento no primeiro trimestre de 2021 e retornou ao patamar pré-pandemia.

Caso esse cenário doméstico leve o BC a adotar uma postura de política monetária mais dura, o real pode ser beneficiado, pois, segundo especialistas, juros mais altos no Brasil tornam investimentos locais atrelados à Selic mais atraentes para o investidor estrangeiro.

Na véspera, o dólar negociado no mercado interbancário teve alta de 0,70%, a 5,0704 reais na venda.