Dólar pode cair mais com déficit fiscal nos EUA
Além de refletir o apetite por ativos brasileiros após a condenação de Lula, a queda de quase 2% do dólar frente ao real (para R$ 3,173) na quarta-feira (24) acompanhou o declínio da moeda americana diante de outras divisas globais. Para economistas, há espaço para essa tendência prosseguir devido ao crescente endividamento fiscal nos EUA.
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De acordo com o Congressional Budget Office, responsável por estimativas orçamentárias nos Estados Unidos, o déficit fiscal caminha para superar a faixa de 5% do PIB em 2027. Com isso, só em 2018, o Tesouro americano irá emitir nada menos do que US$ 1,3 trilhão em títulos soberanos.
“Do ponto de vista fiscal, o país semeia um problema explosivo”, comenta Marink Martins, analista e consultor da MyCap, homebroker da corretora britânica Icap, ressalvando que a fotografia atual é atrativa com possível crescimento de 3% ao ano e desemprego abaixo de 4%.
Por outro lado, vê pouca probabilidade de uma redução no endividamento fiscal. A própria desalavancagem em curso do Federal Reserve, o banco central dos EUA, deverá seguir o ritmo gradual de Janet Yellen na gestão do economista Jerome Powell, a partir de fevereiro.
Nessa guinada, Martins entende que o dólar pode se enfraquecer mais. Eventualmente, isso poderia até desencadear um sentimento de ressaca por parte dos investidores após sucessivos recordes recentes. “Tal cenário pode aparentar distante, mas assim como nuvens, já está em formação”, escreve o analista em nota clientes.
Dólar fraco ou forte
Na quarta-feira, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que um dólar fraco é bom para o comércio americano. Nesta quinta-feira (25), em entrevista à rede CNBC, o presidente Donald Trump declarou que a fala de Mnuchin foi retirada de contexto e que o “dólar vai ficar mais forte e mais forte”.
Sob a especulação de que o governo americano busca desvalorizar a moeda para impulsionar as exportações, o dólar perde terreno frente a outras divisas. Depois de cair 1% na quarta-feira, o índice que monitora o dólar em relação a seis outras moedas recuava mais 0,50% nesta quinta-feira, perto do menor nível em três anos.