Câmbio

Dólar deve continuar penalizando real com risco sob precatórios e Pandora Papers

05 out 2021, 11:10 - atualizado em 05 out 2021, 11:10

O mercado de câmbio nesta semana deve continuar sob forte especulação, com indicativos de que o real brasileiro continue pressionado pelo dólar americano, comenta o diretor de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, ao destacar a ausência de “boas notícias” no Brasil, durante entrevista ao Money Times.

Além das questões na China — nosso principal parceiro comercial — que se arrastam desde setembro (o possível calote da incorporadora Evergrande e a crise energética no país asiático, que também ocorre aqui), a volatilidade no câmbio ganhou mais um capítulo no último final de semana: o caso Pandora Papers envolvendo o ministro Paulo Guedes e o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto.

“As contas em offshores reveladas no final de semana já provocaram a pressão no câmbio na abertura da semana, variando de R$ 5,38 até a máxima de R$ 5,46 ao longo da segunda-feira (04). O dólar continuará pressionado, com esse fator somado a condução das reformas estacionadas no Congresso, com destaque à PEC dos Precatórios”, explica ao Money Times.

A queda na produção industrial do Brasil de 0,7% em agosto, divulgada pelo IBGE, já esperada pelo mercado, reforça o sentimento de recessão técnica, segundo o especialista, que aponta a disparada da inflação — próxima aos dois dígitos — como outro furacão no radar brasileiro.

“Apesar da alta de juros no Brasil, o investidor estrangeiro está muito inseguro em alocar no país diante do alto risco, sobretudo fiscal que paira no ar, tornando o mercado cambial ainda mais volátil”, indica Cavalcante.

Paralelamente, especuladores voltaram a vender reais na semana encerrada em 28 de setembro, conforme dados mais recentes da CFTC, agência que regula mercados de futuros e opções nos Estados Unidos, com a moeda brasileira sendo preterida pela segunda semana consecutiva ao fim de um mês de perdas generalizadas para ativos de risco no mundo.

A exposição desse grupo de investidores ainda é comprada em real ou seja, indica aposta na alta da divisa. Porém, o estoque de contratos vem diminuindo há semanas e, com esta última redução, foi ao menor patamar em quatro meses.

O diretor de câmbio da Ourominas recomenda muita cautela e diversificação dos investimentos, já que a volatilidade do câmbio deve se estender até o ano eleitoral de 2022.

O ouro é ativo que pode auxiliar os investidores a blindarem sua carteira em tempos de incerteza e volatilidade, como o atual.

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