Dólar despenca mais de 2% e opera abaixo de R$ 5,80: o que está por trás da queda?

O dólar à vista (USDBRL) opera em forte queda ante o real na volta do feriado de Carnaval. Mas o cenário doméstico tem pouca relevância para a movimentação desta quarta-feira (5) — os motivos para a desvalorização estão lá fora.
Durante o início da tarde, a divisa norte-americana bateu mínima a R$ 5,75,25, um recuo de 2,77% contra a moeda brasileira.
O movimento acompanha a tendência vista no exterior. O DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, bateu mínima intradia coom recuo de 1,40%, aos 104,259 pontos.
O que derruba com o dólar hoje?
No cenário doméstico, a escassez de dados econômicos e a retomada dos negócios, ainda que em sessão mais enxuta, fazem com que os investidores — e o desempenho do dólar — se voltem ao exterior.
O mercado ainda precifica a guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A taxação adicional de 25% sobre os produtos mexicanos e canadenses, além do aumento da alíquota de 10% para 20% sobre os produtos chineses, entrou em vigor na última terça-feira (4).
Em contrapartida, a presidente do México anunciou que haverá uma retaliação e as medidas serão divulgadas no próximo domingo (9). Já o primeiro-ministro do Canadá, , também determinou uma taxa de 25% sobre a importação de produtos norte-americanos no país. Novas negociações sobre as tarifas estão no radar.
Além disso, os agentes financeiros reagem a novos dados econômicos nos Estados Unidos.
Em destaque, o relatório de empregos no setor privado, o ADP, apontou a criação de 77.000 vagas de emprego, depois 186.000 em janeiro em dado revisado para cima. Os economistas consultados pela Reuters previam abertura de 140.000 postos em fevereiro, depois 183.000 relatado anteriormente em janeiro.
Após os dados, os traders aumentaram as apostas de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, irá reduzir os juros em 75 pontos-base até dezembro, com o início da retomada do ciclo de afrouxamento monetário em junho. Hoje, a taxa está no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano.
Quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os Treasuries — considerados os ativos mais seguros do mundo — caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil.
A China também divide as atenções dos investidores. A segunda maior economia do mundo estabeleceu a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de “cerca de 5%” para 2025, a mesma do ano passado.