Dólar despenca mais de 5% após eleições e vai tranquilo para feriado em dia de Fed
O dólar à vista fechou em queda de 1,2% frente ao real, negociado a R$ 5,11 para venda – menor valor de fechamento desde o início de setembro. Com isso, a moeda norte-americana acumulou perdas de mais de 5% em dois dias com investidores reagindo à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que assume a presidência da República pela terceira vez, em janeiro.
Ao longo do pregão, a moeda estrangeira rompeu dois níveis, o de R$ 5,15 e posteriormente, o de R$ 5,10, em meio ao desmonte de posições de investidores locais e à entrada de investidores estrangeiros na bolsa brasileira. O dólar fechou em queda pelo quarto dia seguido.
Gringo compra Lula
“O mercado veio muito posicionado da eleição com receios de contestações do resultado. Como não teve, ontem, o investidor local que estava vendido na bolsa zerou essas posições”, comenta o sócio e gestor da Galapagos Capital, Fábio Guarda.
Sobre o fluxo estrangeiro na B3, ele acrescenta que o “gringo” iria preferir o Brasil de qualquer jeito, mas “é inegável que o Lula tem um trânsito muito melhor”, diz, acrescentando que o ex-presidente “tem uma figura mais palatável ao olhar estrangeiro”.
Dólar manso antes de feriado e Fed
Com a forte queda na sessão, o dólar vai tranquilo para o feriado doméstico, amanhã, dia em que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anuncia sua decisão de política monetária e que, possivelmente, resultará em uma alta da taxa de juros em 0,75 ponto percentual (p.p.).
Para Guarda, se o Fed sinalizar que deverá reduzir o ritmo de alta de juros nas próximas reuniões, há mais espaço para quedas da moeda norte-americana.
A espera acabou. Bolsonaro falou
A espera de quase 48 horas após o fim da eleição acabou. O presidente Jair Bolsonaro rompeu o silêncio em pronunciamento que começou com mais de uma hora e meia de atraso e que durou pouco mais de dois minutos. Confira o discurso na íntegra.
Bolsonaro agradeceu os 58 milhões de votos que recebeu no domingo, não contestou o resultado das eleições, mas não citou e nem parabenizou Lula, quebrando uma tradição presidencial.
“Para quem esperava que após longo período de silêncio Bolsonaro fosse ser muito explícito em seu discurso, se enganou”, diz o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, acrescentando que o presidente passou o recado, mas exige que as massas interpretem sua mensagem, que foi curta, mas densa.
Ele destaca que Bolsonaro também não reconheceu literalmente a vitória de Lula, apesar de afirmar que “seguirá jogando dentro das quatro linhas da Constituição“. Além de agradecer pelo número de votos a seu favor, Bolsonaro deixou a cargo do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a tarefa de explicar o processo de transição dos governos.
“Ou seja, quem agradece os votos recebidos reconhece que pelo menos estes estavam corretos, sugerindo que a contagem total também o estivesse. Quem joga nas quatro linhas da Constituição, pode, em tempos normais, passar a faixa a diante. Quem encarrega alguém de uma transição, admite que a ‘fila andou’. Interpreto que o risco de um movimento de ruptura institucional oriundo da presidência da República se dirimiu”, pondera Sanchez.
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