Dólar derrete e prepara terreno para furar marca pela primeira vez em quase um ano
O dólar à vista fechou em queda de 1,3% frente ao real no pregão desta quarta-feira (12), negociado a R$ 4,94 para venda. É a primeira vez desde 10 de junho de 2022 que a moeda norte-americana fecha abaixo dos R$ 5,00.
Ao renovar mínimas a R$ 4,91 ao longo do dia, o dólar prepara o terreno para furar os R$ 4,90. A queda brusca da divisa estrangeira segue na esteira da euforia com dados de inflação.
Porém, hoje, o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês). Com isso, lá fora, o Dollar Index (DXY) chegou aos menores níveis desde o início de fevereiro, a 101,5 pontos, em queda perto de 0,7%.
‘Brasil está barato e dólar pode chegar aos R$ 4,80, diz economista
Dólar segue animado com inflação
A inflação americana perdeu força em março, desacelerando-se ante fevereiro. O CPI subiu 0,1% na base mensal e avançou 5% no confronto anual, ficando abaixo das estimativas de economistas, de altas de 0,2% e de +5,2%, respectivamente.
O economista e sócio da BlueLine Asset, Diogo Saraiva, comenta que o número um pouco melhor do que o registrado em fevereiro reforça a narrativa de desinflação nos Estados Unidos. Entretanto, a magnitude e a composição da inflação mostram um processo bem lento, ainda apresentando riscos para a convergência em direção a meta.
- Entre para o Telegram do Money Times!
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui e faça parte!
Fed na berlinda
“Vemos o número reforçando nossa expectativa de mais uma alta de juros nos Estados Unidos de 0,25 ponto percentual em maio. Para junho, a bola fica mais dividida. Mas nossa aposta é de uma alta final em junho”, avalia Saraiva.
Em contrapartida, a equipe econômica do banco Modalmais diz que, apesar dos núcleos permanecerem mais resistentes ao processo desinflacionário, a leitura inicial do CPI foi positiva.
“A ponta longa e curta da curva de juros fecharam, indicando que a expectativa do mercado é que o Federal Reserve [Fed, o banco central norte-americano] deverá afrouxar o aperto monetário”, avalia.
Por outro lado, o CIO da Global X, Jon Maier, comenta que o Fed precisará “calibrar cuidadosamente sua política monetária para navegar nessa intrincada” situação econômica dos Estados Unidos, garantindo que suas decisões sobre taxas de juros levem em consideração tanto a redução da inflação nominal quanto a persistência do núcleo da inflação.
“Em conjunto, juntamente com o baixo nível recorde de desemprego, parece mais do que provável que o banco central americano permaneça na trajetória de alta [de juros] de 0,25 p.p. na próxima reunião”, pondera.
Dólar e o diferencial de juros
À Reuters, o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ressaltou que o dólar estava exagerado aqui no Brasil em função das dúvidas em relação ao governo. “Contudo, agora, estamos vendo a moeda norte-americana abaixo de 5 reais”, pontuou.
Ele destacou o diferencial da taxa de juros no Brasil e nos Estados Unidos, mesmo que inicie um ciclo de queda por aqui ou de alta por lá, como previsto para maio. “Como a taxa de juros americana está parando na faixa de 5% ao ano, e o Brasil tem taxa de 13,75%, o juro real ficará muito elevado ainda. Por enquanto, ainda teremos um diferencial de câmbio bastante elevado”, acrescentou Faria Júnior.
*Com Reuters