Dólar começa sessão em queda contra real de olho em Orçamento
O dólar caía nesta segunda-feira, com o real encabeçando os ganhos nos mercados globais de câmbio, em meio a informações de que o governo teria chegado a um acordo com o Congresso sobre o polêmico Orçamento aprovado pelo Legislativo, enquanto no exterior moedas de perfil semelhante ao real se valorizavam.
Conforme uma fonte disse à Reuters, a área econômica do governo e os líderes do Congresso chegaram a um consenso sobre a necessidade de mudanças no Orçamento aprovado para 2021, e o acordo aponta revisão de premissas de gastos e redução à metade das emendas parlamentares.
A fonte ponderou, contudo, que as tratativas sobre os ajustes no Orçamento devem durar mais alguns dias e “só com muita sorte” as mudanças necessárias seriam concluídas até o fim da próxima semana.
O Orçamento endossado pelos parlamentares duas semanas atrás causou alvoroço no mercado por, nas avaliações de analistas e de integrantes do próprio governo, trazer estimativas irreais de gastos e receitas e pelo robusto volume de emendas parlamentares, o que elevou os prêmios de risco dos ativos financeiros locais.
O mal-estar deixou o presidente Jair Bolsonaro entre a equipe econômica e o Congresso e trouxe de volta ao radar debate sobre a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, que classificou a peça como “inexequível”.
“Acho que, com isso (o suposto acordo), a questão da saída do Paulo Guedes perdeu bastante tração”, disse Roberto Motta, responsável pela mesa de derivativos da Genial Investimentos, segundo o qual, com os rumores em torno da saída do ministro se espalhando, os estrangeiros compraram entre quarta e quinta-feiras 76 mil contratos futuros de dólar no mercado local.
“Mas se a turma do fura-teto ganhar importância, ganhar mais verbas, talvez eu não descarte a saída de Paulo Guedes. (…) A gente vai conviver com essas idas e vindas daqui até as eleições (de 2022)”, completou.
O mercado aguarda declarações de Paulo Guedes a partir de 15h30 desta segunda, em evento virtual promovido pela XP e, já nesta manhã, analisava falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao jornal O Estado de S. Paulo.
Campos Neto reforçou que o BC está preocupado com as contas públicas, disse que o Orçamento pode aumentar o risco fiscal e atrapalhar a política monetária e reafirmou que a autarquia não faz política de juros olhando para a taxa de câmbio.
Alguns no mercado entenderam que, com uma preocupação adicional para o BC (o Orçamento), há risco de mais impacto sobre a inflação, o que levaria o BC a subir os juros além do que ele próprio tem indicado.
O dólar à vista caía 1,03%, a 5,6565 reais, às 9h39.
No exterior, o dólar caía entre 0,3% e 0,7% contra peso mexicano, rand sul-africano, lira turca e peso chileno.
O clima de forma geral é positivo no exterior, com os futuros das bolsas de valores em Wall Street apontando novos recordes a caminho, após fortes dados de emprego nos EUA divulgados na semana passada respaldarem leituras de que a economia norte-americana está em plena recuperação.
(Atualizada às 10h09)