Mercados

Dólar: Céu de brigadeiro com eleições não deve durar muitos dias, diz analista

03 out 2022, 14:50 - atualizado em 03 out 2022, 14:50
Dólar derrete quase 5% com a confirmação de segundo turno com o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

O dólar à vista opera em forte queda, negociado abaixo dos R$ 5,20, com investidores reagindo ao resultado do primeiro turno das eleições, mostrando uma disputa acirrada entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 30 de outubro, eles decidem as eleições em segundo turno.

Por volta das 14h40 (de Brasília), a moeda norte-americana estava cotada a R$ 5,16, um tombo de 4,6%, na maior queda percentual intradiária desde junho de 2018.

Separando o joio do trigo

Apesar da reação fortemente positiva do mercado doméstico em relação ao dólar, o viés de baixa não deve se manter nos próximos dias, já que a queda é por uma razão pontual e interna, diz o sócio-diretor da Pronto Invest, Vanei Nagem.

“A percepção é de que o mercado estava com medo dos desdobramentos que poderiam ter com uma possível vitória do Lula em primeiro turno. Não pela eleição dele, mas pela reação do Bolsonaro”, diz, acrescentando que o investidor estrangeiro, geralmente, tem uma leitura mais fria em relação às eleições no Brasil.

“Bolsonaro deu declarações contestando as urnas, dando sinais de que contestaria os resultados. Isso assusta lá fora”, diz.

Sem mudanças no exterior

Nagem ressalta que o mundo não melhorou em nada nas últimas horas. Ou seja, os temores com a recessão global, a escalada da inflação nas principais economias e a tendência de juros continuarem subindo por lá continuam e o dólar deve voltar a reagir à esses fatores em breve.

“Afirmar que o dólar seguirá para baixo é loucura. Essa queda é exagerada, mas daqui a pouco terá correção na esteira do mundo, voltando à realidade. Acredito que em dois, três dias começa um ponto de equilíbrio. Aí, vai sendo precificado em linha com o mercado internacional”, reforça.

A estrategista do banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, acrescenta que, embora o cenário externo siga nebuloso, parte da incerteza que o mercado tinha com as eleições, exibida nos últimos dias, parece ter se reduzido.

E o segundo turno?

Analistas ouvidos pelo Money Times nas últimas semanas adiantaram que os ativos domésticos exibiriam forte volatilidade com uma possível disputa em segundo turno.

Pois essa disputa começa hoje e o sócio da Pronto ressalta que, após o resultado nas urnas, visto como mais acirrado do que o esperado entre Bolsonaro e Lula, a volatilidade deve prevalecer nas próximas semanas.

“Os dois candidatos precisarão ser agressivos em seus discursos. O que é ruim, pois o mercado começa a precificar  essas narrativas radicais. Aí vem a volatilidade”, comenta.

Nagem avalia que Lula teve uma vantagem considerável de votos e que o caminho não será tão fácil para o atual presidente em conquistar a diferença de mais de 6,1 milhões de votos.

“É muito voto. A situação, hoje, é mais favorável ao Lula. Isso também pode influenciar no preço dos ativos”, diz.

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