Dólar caminha para 5° recuo semanal consecutivo; real tem melhor desempenho global no dia
O dólar tinha forte queda frente ao real nesta sexta-feira, a caminho de engatar sua quinta semana consecutiva no vermelho, já que a percepção de retornos atraentes no mercado doméstico continuava protegendo a moeda brasileira de apostas em aperto agressivo da política monetária pelo Federal Reserve.
Às 10:42 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,52%, a 5,2123 reais na venda.
A moeda brasileira apresentava o melhor desempenho frente à divisa dos Estados Unidos entre uma cesta de mais de 30 pares globais do dólar nesta manhã.
Na B3 (B3SA3), às 10:42 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,66%, a 5,2315 reais.
Na mínima do dia, o dólar à vista caiu 1,07%, a 5,1831 reais na venda. Caso mantivesse esse patamar até o fechamento dos negócios, a moeda norte-americana registraria uma mínima para encerramento desde 6 de setembro passado (5,1764 reais).
E o dólar também estava em firme curso de registrar seu quinto recuo semanal consecutivo –de cerca de 2,3%– frente à moeda brasileira, o que marcaria a maior sequência do tipo desde um período de seis semanas seguidas de baixa findo em 7 de maio de 2021.
Sua performance fraca no mercado doméstico vinha apesar do bom desempenho do dólar no exterior –seu índice frente a uma cesta de seis rivais fortes atingiu uma máxima em mais de uma semana mais cedo nesta sexta-feira, apoiado em parte pelos rendimentos elevados dos títulos soberanos dos EUA.
A taxa do Treasury de dez anos, referência global para investimentos, superou 2% pela primeira vez desde agosto de 2019 na quinta-feira, após uma leitura anual de inflação dos Estados Unidos –a mais forte em quatro décadas– alimentar apostas de que o banco central norte-americano será mais agressivo em seu iminente ciclo de aumentos de juros.
Antes dos dados de inflação, divulgados na véspera, a maioria das apostas nos mercados monetários era de alta de 0,25 ponto nos juros pelo Fed em março, quando o banco já indicou que dará o pontapé inicial na elevação das taxas de empréstimo, mas, nesta sexta-feira, operadores viam probabilidade de até 62% de um aumento de 0,50 ponto.
Isso, no geral, é visto como fator positivo para o dólar frente a divisas mais arriscadas, já que custos de empréstimos mais altos nos EUA tendem a elevar a rentabilidade do extremamente seguro mercado de renda fixa norte-americano.
Mas, “quando a gente fala de Fed subindo juros, é porque a inflação por lá está começando a preocupar; ou seja, os juros reais (ajustados à inflação) não se deslocaram como a curva, eles continuam no campo negativo, e aí muito capital continua indo pra mercados emergentes”, explicou à Reuters Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office.
Ele afirmou que o Brasil tem destaque especial entre seus pares mais arriscados, já que o carrego –retorno por diferenciais de juros– oferecido pelo real é muito atraente devido ao patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano.
A moeda norte-americana spot encerrou o pregão da véspera com ganho de 0,24%, a 5,2393 reais.
Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 1° de abril de 2022.