Dólar vai abaixo de R$ 5,10 com recuperação do apetite por risco, mas caminha para 4ª alta semanal
O dólar acelerou as perdas nesta sexta-feira e chegou a ser negociado abaixo de 5,10 reais, acompanhando uma melhora no apetite por risco internacional, embora ainda estivesse a caminho de marcar sua quarta valorização semanal seguida.
Às 11:47 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,78%, a 5,1022 reais na venda, depois de cair 1,14% a 5,0839 reais, na mínima.
No exterior, a divisa norte-americana abandonou ganhos de mais cedo e perdia 0,1% contra uma cesta de rivais de países desenvolvidos, afastando-se de picos em duas décadas atingidos recentemente.
Várias moedas arriscadas ou sensíveis às commodities, como pesos mexicano e chileno e dólar australiano, cujo movimento o real tende a acompanhar, também aceleraram os ganhos contra a divisa dos Estados Unidos nesta manhã, negociadas perto das máximas do dia por volta de 11h30 (horário de Brasília).
Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, atribuiu o alívio nos ativos de risco internacionais –incluindo as ações, que disparavam tanto em Wall Street quanto na bolsa paulista– nesta sexta-feira a fala recente do chair do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell.
Na véspera, a autoridade máxima do Federal Reserve repetiu sua expectativa de que os juros serão elevados em 0,50 ponto percentual em cada uma das duas próximas reuniões da instituição, reduzindo alguns temores de que o Fed seria forçado a elevar a taxa básica em 0,75 ponto de forma a conter a inflação. Expectativas de um posicionamento mais agressivo do banco central norte-americano tendem a beneficiar o dólar.
Apesar do arrefecimento desta sessão, o dólar estava cerca de 0,6% acima do patamar de fechamento da última sexta-feira, de 5,0733 reais.
Caso feche a semana no azul, a moeda norte-americana registrará a quarta seguida de ganhos contra o real, o que marcaria a maior sequência do tipo desde as cinco valorizações semanais consecutivas encerradas em 8 de outubro de 2021.
O dólar tem sido apoiado no mundo inteiro neste segundo trimestre do ano, não apenas pela perspectiva de juros mais altos nos EUA, mas também pelos temores de uma recessão global, à medida que as principais economias são afetadas pelas consequências da guerra na Ucrânia e por lockdowns para combate à Covid-19 na China.
“Se as taxas (do mercado de juros) dos EUA negociarem melhor (mais altas) devido ao aumento da aversão ao risco, podemos esperar um dólar mais forte neste ambiente”, escreveram estrategistas do Citi em relatório publicado na noite de quinta-feira. “Com as surpresas de inflação nos mercados emergentes também subindo e este vento contrário para moedas emergentes, mantemos… nossa posição geral comprada em dólar.”
Os rendimentos dos títulos soberanos de dez anos dos Estados Unidos –referência global para investimentos– chegaram a superar a marca de 3,2% no início desta semana, indo aos maiores patamares em três anos e meio, embora já tenham recuado para cerca de 2,9% desde então.
No mercado local, o dólar sobe cerca de 11,4% em relação à mínima de 2022, de 4,5820 reais, atingida no início de abril, embora ainda acumule queda de 8,5% desde o começo do ano.
Analistas ainda apontam o patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 12,75%, como um fator de suporte para o real, já que isso torna a renda fixa doméstica atraente para investidores que buscam retornos altos. O Brasil voltou a liderar a lista dos países com maiores juros reais do mundo.
Na B3, às 11:47 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,64%, a 5,1285 reais.
O dólar negociado no mercado interbancário fechou a última sessão com variação negativa de 0,06%, a 5,1424 reais.
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(Atualizada às 12:10)