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Dólar cai e fecha a R$ 5,34 com exterior positivo e dados locais melhores

08 jul 2020, 17:12 - atualizado em 08 jul 2020, 18:33
Dólar
O dólar à vista caiu 0,71%, a 5,3473 reais (Imagem: REUTERS/Jo Yong-Hak)

O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira, com a moeda estabilizando o movimento de baixa na parte da tarde em meio a um dia positivo para ativos de risco no exterior e a dados acima do esperado no Brasil, depois de uma manhã de intenso vaivém nos preços.

O dólar à vista caiu 0,71%, a 5,3473 reais, mas não sem antes mostrar volatilidade, especialmente durante a manhã.

A divisa abriu em queda de cerca de 0,6%, zerou o movimento, foi à máxima do dia ao subir 0,17% e tornou a cair até a mínima do dia (queda de 1,24%) antes de desacelerar as perdas, mas ainda conseguir encerrar em baixa.

“O BC deveria prestar atenção. A volatilidade intraday nesse tamanho fez com que os robôs de opções de dólar parassem de colocar preço no mercado. Volatilidade é custo Brasil”, disse o gestor Alfredo Menezes, da Armor Capital.

No começo do mês, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou que a autoridade monetária estava tentando identificar a causa do aumento elevado da volatilidade do câmbio e se ela era eficiente ou não, reconhecendo que esse movimento destoava do nível de volatilidade visto em outros países emergentes.

Enquanto isso, o fluxo cambial ao Brasil segue negativo, o que gera ainda mais pressão sobre o dólar. O saldo entre entradas e saídas de dólares pelo câmbio contratado ficou negativo em 398 milhões nos primeiros três dias de julho. Em junho, o saldo foi deficitário em 2,885 bilhões de dólares, elevando o rombo no ano a 12,935 bilhões de dólares.

Em apresentação nesta quarta, o presidente do BC, Roberto Campos Neto afirmou que os fluxos de capitais tendem a se acomodar e melhorar as contas externas do país.

Roberto Campos Neto afirmou que os fluxos de capitais tendem a se acomodar (Imagem: Flickr/Banco Central)

Christopher Lewis, analista do DailyForex, avalia que a marca de 5,50 reais tem oferecido resistência nas últimas semanas, mas que é “apenas questão de tempo” antes de a moeda superá-la. Esse movimento abriria caminho para a região de 5,60 reais e, eventualmente, para máximas próximas de 6 reais.

“Acho que o nível de 5,0 reais (suporte) será uma barreira significativa que deveria atrair muita pressão compradora. No fim, acho que neste momento é muito mais fácil comprar o par dólar/real do que vendê-lo, devido a todos os riscos associados ao Brasil e à América Latina“, disse.

As vendas de dólares até o fechamento foram amparadas pelo resultado das vendas no varejo no Brasil, cujo crescimento acima do esperado para maio fortaleceu esperanças de que o pior para a atividade tenha ficado para trás.

As vendas de dólares até o fechamento foram amparadas pelo resultado das vendas no varejo no Brasil (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

As vendas no varejo saltaram 13,9% em maio sobre abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto analistas consultados pela Reuters projetavam acréscimo de 6,0%. Na comparação anual, houve queda de 7,2%, abaixo do tombo de 12,1% previsto.

O BTG Pactual digital classificou os resultados como “muito acima da expectativa” e avaliou que, apesar do cenário “ainda repleto de incertezas, o forte crescimento deve animar investidores, na medida em que indica uma recuperação da atividade econômica”.

Com os dados, o UBS revisou para 11,5%, ante 13,5%, a contração do PIB prevista no segundo trimestre ante o primeiro e crescimento de cerca de 5% no terceiro trimestre. “Uma queda menos intensa no segundo trimestre leva a uma retração potencialmente menor que a de 7,5% em nossa projeção atual para 2020”, disse o banco em nota.

Mais cedo, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou que o IGP-DI subiu 1,60% em junho, mais que o esperado, com os preços do atacado acelerando e voltando a se elevar no varejo.

A combinação de dados econômicos melhores e leituras de inflação mais altas pode barrar expectativas adicionais de cortes de juros pelo Banco Central, evitando nova deterioração nas análises de risco/retorno para o real.

No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de divisas recuava 0,5% no fim da tarde, com a moeda dos EUA recuando amplamente frente a divisas de maior risco, como rand sul-africano e coroa norueguesa.

Endossando o clima positivo a ativos mais arriscados, as bolsas de valores de Nova York fecharam em firme alta, com o índice S&P 500 com ganho em torno de 0,8%, segundo dados preliminares.

reuters@moneytimes.com.br