Dólar cai e fecha a R$ 5,32, mas termina estável na semana
O dólar fechou em queda ante o real nesta sexta-feira, depois de chegar a subir quase 1%, com as vendas predominando no fim da sessão em meio à recuperação do apetite por risco no exterior por esperanças de tratamento mais eficaz para o Covid-19.
O dólar à vista caiu 0,37%, a 5,3236 reais na venda.
Na semana, o dólar teve variação positiva de 0,06%. Em julho, a cotação recua 2,14%. Em 2020, o dólar sobe 32,66%.
Na B3 (B3SA3), o dólar futuro cedia 0,42%, a 5,3245 reais, às 17h15.
No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de divisas de países desenvolvidos caía 0,13% no fim da tarde. O dólar cedia mais contra peso mexicano, peso colombiano e rand sul-africano –assim como o real, divisas que se beneficiam de maior apetite por risco.
O sentimento de risco começou o dia abalado, mas a notícia de que o medicamento remdesivir, da Gilead, melhorou significativamente a recuperação clínica e reduziu o risco de morte em pacientes com Covid-19 trouxe de volta o ânimo aos mercados, uma vez que fortaleceu esperanças de controle da pandemia e, assim, de que novos bloqueios potencialmente danosos à economia não sejam necessários.
Em Wall Street, o índice S&P 500 fechou em alta de 1,07%, segundo dados preliminares, depois de cair mais cedo.
Mas o dia de vaivém nos preços reforçou a sensação de cenário ainda incerto. Ao longo do pregão, o dólar oscilou entre alta de 0,97%, a 5,3954 reais, e recuo de 0,55%, para 5,314 reais.
Mais de 60.500 novas infecções por coronavírus foram relatadas nos Estados Unidos na quinta-feira, a maior contagem de casos em um único dia em qualquer país desde que o vírus surgiu no final do ano passado na China. E no Brasil a pandemia também segue resiliente, com 42.619 novos casos de coronavírus na quinta, elevando o total para 1.755.779.
“Frente ao aumento dos riscos do cenário, investidores optam por manter posições mais cautelosas”, disse em nota Alejandro Ortiz Cruceno, da equipe econômica da Guide Investimentos.
Mais cedo, dados sobre preços ao produtor nos EUA vieram mais fracos que o esperado, e o Bank of America enxerga algum viés negativo para o dólar.
“Esperamos uma deterioração nos dados dos EUA em relação aos indicadores externos, revertendo uma tendência de desempenho superior dos EUA e pesando sobre o dólar”, disse o banco em nota.
No Brasil, os números mais recentes apontam cenário ainda tortuoso. O setor de serviços contrariou expectativas e caiu em maio, enquanto o IPCA de junho subiu apenas em linha com as expectativas.
Em entrevista à Reuters na noite de quarta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o BC precisa entender o impacto do crescimento na inflação para avaliar se ainda há espaço para corte residual nos juros básicos, complementando que dados na margem mostram inflação acima das expectativas.
Leituras de inflação mais altas poderiam barrar expectativas adicionais de cortes de juros pelo Banco Central, evitando nova deterioração nas análises de risco/retorno para o real.