Dólar cai a R$5,21 em linha com exterior e perspectivas para política monetária
O dólar (USDBLR) passou a mostrar queda acentuada na tarde desta quarta-feira, deixando para trás máximas intradia na casa de 5,29 reais, conforme investidores avaliavam as perspectivas para a política monetária do Banco Central do Brasil.
O movimento do mercado doméstico também refletia a fraqueza do dólar no exterior frente a moedas de países emergentes, à medida que operadores aguardavam uma leitura de inflação dos Estados Unidos, a ser divulgada na quinta-feira.
Às 15:11 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,85%, a 5,2159 reais na venda, rondando as mínimas do dia, depois de ter avançado 0,6% no pico da sessão, a 5,2918 reais na venda.
Na B3, às 15:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,83%, a 5,2405 reais.
Participantes do mercado repercutiam nesta quarta-feira comentários feitos mais cedo pelo diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra. Em evento, ele afirmou que a batalha da autarquia contra a inflação está longe de ser vencida, mostrando preocupação com a propagação da alta dos preços.
Embora Serra tenha afirmado que seu temor não vai contra a ideia de redução do ritmo de alta de juros, indicada pelo Banco Central tanto em seu comunicado de política monetária, da semana passada, quanto na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), na véspera, sua fala desencadeou apostas numa taxa Selic terminal mais alta do que o estimado anteriormente.
Custos de empréstimos mais altos no Brasil tendem a beneficiar o real, já que aumentam o carrego (retorno obtido por diferenciais de juros) oferecido pela moeda.
Enquanto isso, no exterior, o dólar também perdia amplo terreno contra outras divisas de países emergentes, com peso chileno e rand sul-africano, por exemplo, ganhando mais de 1% ante a moeda dos Estados Unidos. O peso mexicano, outro par importante do real, avançava 0,7%.
O índice do dólar frente a uma cesta de rivais fortes caía 0,15%. No mercado de títulos norte-americano, os rendimentos dos Treasuries de dez anos –referência global para investimentos– tinham queda acentuada.
O foco dos mercados estava em dados de inflação ao consumidor norte-americano de quinta-feira, que podem oferecer pistas sobre qual será o ritmo de aperto monetário adotado pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. No geral, um posicionamento mais agressivo do Fed no combate à alta dos preços tende a impulsionar o dólar e os rendimentos dos títulos norte-americanos.