Mercados

Dólar cai a R$ 5,15, com alívio externo e digerindo IPCA

09 set 2022, 12:51 - atualizado em 09 set 2022, 12:51
Dólar
Dólar perde força no exterior e no mercado doméstico com fluxo na B3, além da reação ao dados de inflação (Imagem: REUTERS/Beawiharta)

O dólar à vista opera em queda frente ao real desde a abertura dos negócios, acompanhando o exterior. Lá fora, a moeda norte-americana perde força em relação aos seus principais pares.

Por volta das 12h30, o dólar caía 1%, na casa dos R$ 5,15. Já o Dollar Index tinha queda de 0,6%, perto dos 109 pontos.

Aqui, além de um fluxo local na bolsa brasileira, investidores digerem os dados de inflação.

O IPCA caiu 0,36% em agosto, puxado pelo grupo de transportes, em meio à queda dos preços dos combustíveis.

A gasolina, em especial, caiu mais de 10% no mês passado. Os preços das passagens aéreas, do mesmo grupo, também acompanharam o recuo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Deflação pontual

O economista-chefe da Necton, André Perfeito, destaca que a queda do índice ainda está concentrada na gasolina. Segundo ele, isso mostra o tamanho da distorção que o combustível tem feito no IPCA como um todo. 

“Não fosse a gasolina, estaríamos vendo altas no indicador. Mas cabe notar o óbvio. De fato, temos uma queda na inflação na margem, com corte de impostos. Porém, ainda temos uma projeção de alta de preços”, avalia.

Perfeito reforça que, na reta final da eleição, muito se especula sobre o efeito da inflação na percepção dos eleitores. Entretanto, dado que a queda da inflação é muito concentrada em poucos itens – e, com o IPCA mantendo a alta em 12 meses, o efeito tende a ser reduzido.

“Os patamares já estão muito elevados. A inflação vai subir mais 6% após ter subido 10% no ano passado. Com isso, a tendência é nitidamente de queda para o ano que vem, uma vez que a base alta de comparação fará parecer [um cenário] ‘menos pior’ na margem”, diz.

Olho nos núcleos

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, chama atenção para os núcleos do IPCA. Segundo ele, a surpresa dos núcleos teve desempenho mais negativo, qualitativamente e quantitativamente, do que a gasolina

Ele pondera que itens de higiene pessoal e vestuários são protagonistas de desvios altistas. Além disso, eles compõem grande parte das agregações estruturais do Banco Central (BC).

“Em termos prospectivos, as notícias não são auspiciosas. Visto que, ainda que o comportamento de higiene pessoal seja considerado um passeio aleatório, o efeito de gasolina e vestuários deverá se propagar pelas projeções, impactando-as de maneira altista”, observa.

E a inflação em alta no mundo?

A chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá, reforça que a leitura do IPCA de agosto é de que o pior ficou para trás. “O índice de difusão da inflação, por exemplo, que chegou a 78% em abril, se encontra hoje em 63%”, comenta.

Ela acrescenta que, no mundo, os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia devem seguir afetando a inflação global, especialmente na Europa – principalmente, no que tange a energia.

“A região depende muito da energia importada da Rússia. Ou seja, petróleo e gás natural”, diz.

A política monetária no mundo caminha para território contracionista. Com isso, menos dinheiro no mundo resulta em menor pressão sobre os preços.

“Já no Brasil, esperamos que a taxa Selic permaneça em 13,75% ou pouco acima disso até pelo menos o meio do ano que vem”, opina Sá, da Rico.

Siga o Money Times no Facebook!

Curta nossa página no Facebook e conecte-se com jornalistas e leitores do Money Times. Nosso time traz as discussões mais importantes do dia e você participa das conversas sobre as notícias e análises de tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Siga agora a página do Money Times no Facebook!