Câmbio

Dólar despenca abaixo de R$ 5, mas ainda acumula alta de cerca de 25% ante real

05 jun 2020, 10:40 - atualizado em 05 jun 2020, 10:43
Dólar
Otimismo global pressiona desvalorização do dólar (Imagem: Reuters/Guadalupe Pardo)

O dólar caía mais de 1% contra o real nos primeiros negócios desta sexta-feira, caminhando para fechar a terceira semana consecutiva de perdas em meio a exterior otimista, embora tensões políticas locais continuassem no radar dos investidores.

Os mercados também estão à espera de dados importantes sobre o emprego nos Estados Unidos, que serão divulgados às 9h30.

Às 10:40 (horário de Brasília), o dólar (USDBRL) recuava 2,64%, a 4,9843 reais na venda. O dólar futuro de maior liquidez caía 1,0%, a 5,074 reais.

A sexta-feira marcava o fim de uma semana positiva para ativos arriscados, que têm sido impulsionados pelo otimismo em relação a uma retomada da atividade nas principais economias devido aos relaxamentos graduais das restrições. Até agora, o dólar acumula queda de 5,8% contra o real desde o fechamento da última sexta-feira.

No exterior, outras moedas arriscadas — como peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano — operavam em alta contra o dólar neste pregão.

“Investidores acompanham a divulgação de indicadores macroeconômicos, mas mantêm o foco na reabertura das atividades econômicas em vários países”, escreveram analistas do Bradesco (BBDC4).

Taxa de desemprego nos EUA cai inesperadamente em maio (Imagem: Reuters/Nick Oxford)

Nesta sexta-feira, o relatório de emprego do governo dos EUA mostrou que a taxa de desemprego na maior economia do mundo teve uma queda inesperada em maio, passando de 14,7% em abril para 13,3%, contrariando as expectativas de alta para 19,8% em pesquisa da Reuters.

Participantes do mercado disseram que a leitura foi muito melhor do que a esperada, sinal de que o pior da crise econômica do coronavírus pode já ter passado.

“Além disso, o anúncio da ampliação do programa de estímulos monetários feito pelo BCE ontem ainda traz impulso adicional aos negócios“, completaram analistas do Bradesco.

O Banco Central Europeu aprovou uma expansão maior do que a esperada em seu programa de estímulo na quinta-feira para impulsionar suas economias, ampliando as compras de ativos emergenciais em 600 bilhões de euros, para 1,35 trilhão de euros.

Enquanto isso, no Brasil, as atenções continuavam nos desdobramentos políticos, com expectativa de possíveis agitações sociais para o fim de semana.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar os manifestantes de grupos pró-democracia contrários ao seu governo de “marginais” e “terroristas” nesta sexta-feira, e pediu que as forças de segurança do país atuem contra as manifestações marcadas para domingo se os grupos “extrapolarem” os limites.

Bolsonaro volta a atacar manifestantes (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

Apesar de já ter perdido força desde que tocou máximas recordes próximas de seis reais em meados de maio, o dólar ainda acumula alta de cerca de 25% contra o real no ano de 2020, prejudicado por um cenário de incertezas políticas, juros baixos e fortes impactos econômicos causados pela pandemia de coronavírus.

Na véspera, a moeda norte-americana spot teve alta de 0,89%, a 5,1315 reais na venda.

O Banco Central ofertará nesta sexta-feira até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem, com os vencimentos divididos entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021.

reuters@moneytimes.com.br