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Dólar cai 3,2% e vai a R$ 5,21 após ter maior queda em 2 anos

02 jun 2020, 17:22 - atualizado em 02 jun 2020, 17:24
Dólar
O dólar à vista fechou em queda de 3,23%, a 5,2104 reais na venda (Imagem: Agência Brasil/ Marcello Casal Jr)

O dólar sofreu massivas vendas no mercado brasileiro nesta terça-feira que o levaram à maior queda diária em dois anos, em meio a um dia de perdas generalizadas para a divisa norte-americana diante de otimismo quanto à recuperação da economia mundial pós-pandemia.

O real liderou com folga os ganhos entre as principais moedas.

O dólar à vista fechou em queda de 3,23%, a 5,2104 reais na venda.

É a mais forte desvalorização percentual diária desde 8 de junho de 2018 (-5,59%) e o menor patamar de encerramento desde 14 de abril de 2020 (5,1906 reais).

A cotação operou em queda ao longo de toda esta terça-feira. Na mínima, tocou 5,2046 reais (-3,34%) e, na máxima, marcou 5,3404 reais (-0,82%).

Na B3 (B3SA3), o dólar futuro cedia 2,88%, a 5,2200 reais, às 17h04.

A sessão desta terça-feira era marcada por apetite por risco no exterior, uma vez que a reabertura gradual das principais economias e a desaceleração da curva de contágio por Covid-19 na Europa e nos Estados Unidos elevavam esperanças de recuperação ante a crise atual.

Outras divisas arriscadas mostravam movimento de valorização, com dólar australiano, peso mexicano, rand sul-africano e lira turca subindo bem mais de 1% cada. O real, porém, liderava com folga os ganhos no dia, depois de ter sido lanterna na véspera.

O real, porém, liderava com folga os ganhos no dia, depois de ter sido lanterna na véspera (Imagem; Reuters/Paulo Whitaker)

“Mesmo com (toda a inquietação social nos Estados Unidos), os investidores focam a atenção aos ciclos de reabertura e retomada da atividade econômica em diversas localidades e os possíveis efeitos no curto prazo, principalmente no verão do hemisfério norte”, escreveram analistas da Infinity Asset.

Mas, segundo a Infinity, a agitação política deve continuar no radar dos mercados no curto prazo, nos EUA e no Brasil. “Eis que novamente a política exerce poder sobre o mercado e, tanto aqui quanto nos EUA, deve ser o foco nas próximas semanas, devido ao imbróglio político local e à série de protestos que podem enfraquecer (o presidente dos EUA, Donald) Trump.”

No Brasil, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF)arquivou na noite de segunda-feira o pedido feito por partidos políticos para que o telefone celular do presidente Jair Bolsonaro fosse apreendido no âmbito do inquérito que investiga se ele tentou interferir politicamente na Polícia Federal. Celso de Mello, contudo, fez um alerta ao presidente de que descumprir ordens judiciais implica crime de responsabilidade.

Tensões recentes entre os poderes Executivo e Judiciário foram apontadas por analistas como fator de impulso para o dólar, que ainda acumula alta de mais de 30% contra o real em 2020. As incertezas políticas, somadas a um ambiente de juros baixos e crescimento fraco, prejudicam as perspectivas de investimento estrangeiro no Brasil.
Ainda assim, a moeda norte-americana já teve perdas significativas desde que ficou a poucos centavos de bater a marca de 6 reais, em meados de maio.

Entre a máxima intradia alcançada em 14 de maio (5,9725 reais) e a mínima desta terça-feira (5,2120 reais), a cotação cedeu 12,73%.

Banco Central vendeu nesta terça todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem do vencimento julho de 2020.

reuters@moneytimes.com.br