Mercados

Dólar cai 2,4% e vai a R$ 5,08 ao atingir mínima de 10 semanas

03 jun 2020, 17:19 - atualizado em 03 jun 2020, 17:37
dólar
Na mínima, a cotação desceu a 5,0170 reais, baixa de 3,71% (Imagem: REUTERS/Sertac Kayar)

O dólar tornou a registrar forte queda nesta quarta-feira, a nona em 11 sessões, e chegou a operar na casa de 5,01 reais na mínima do dia, com a moeda brasileira mais uma vez na dianteira de ganhos nos mercados globais de câmbio em nova sessão de destacado apetite por risco.

O dólar à vista fechou em queda de 2,38%, a 5,0862 reais na venda. É o menor patamar para um encerramento desde o último dia 26 de março (4,9957 reais).

Na mínima, a cotação desceu a 5,0170 reais, baixa de 3,71%.

Na B3 (B3SA3), o dólar futuro recuava 2,45%, a 5,0850 reais, às 17h03.

O tom positivo voltou a dar a tônica nos mercados financeiros globais nesta sessão, com dados melhores nos EUA e na China referendando expectativas de que o pior da crise econômica causada pelo coronavírus tenha ficado para trás.

O dólar teve nova queda ante outras moedas, e divisas emergentes experimentaram novo rali. Nos mercados de ações, o Ibovespa (IBOV) saltou acima dos 93 mil pontos, e o índice Nasdaq Composite de Wall Street fechou mais perto da máxima recorde de fevereiro.

A notícia de emissão de dívida soberana no mercado internacional pelo Tesouro Nacional endossou leitura de que há demanda por ativos brasileiros. Isso reforça a venda de dólares num contexto em que o real ainda é tido como uma moeda “descontada” em relação a seus pares, o que respalda a correção recente na taxa de câmbio.

A notícia de emissão de dívida soberana no mercado internacional pelo Tesouro Nacional endossou leitura de que há demanda por ativos brasileiros (Imagem: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.)

Além disso, o fluxo cambial ao Brasil tem melhorado nas últimas semanas, com o aumento da oferta de dólar dando saída para investidores que buscam reduzir posições contrárias ao real, movimento que alimenta a perda de valor da moeda dos EUA.

“A valorização do real é uma volta do exagero”, disse Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital, dizendo que a piora do real lá atrás foi 10% além da sugerida por um modelo com o qual trabalha.

“Acho melhor ser prudente agora sobre montar posições compradas em dólar, mas está fora de cogitação posição vendida (em dólar)”, disse, apontando que o cenário de médio prazo para o real ainda parece negativo.

Mesmo com um rali de 16,02% entre a mínima recorde nominal de fechamento (de 5,9012 por dólar, atingida em 13 de maio) e a cotação desta quarta-feira, o real deprecia 21,10% em 2020, ainda com folga a divisa de pior desempenho no ano.

Analistas do banco MUFG Brasil também adotam postura cautelosa. Carlos Pedroso e Maurício Nakahodo avaliam que ainda há espaço para apreciação adicional do câmbio, mas citam limitação para essa tendência devido a “várias” fontes de receio, entre as quais a pandemia de Covid-19, risco de que novos gastos se tornem permanentes e embates do lado político.

“Nosso call de (dólar a) 4,50 reais ao fim de 2020 estaria ok em um ambiente positivo de um mundo emergindo da crise de saúde. Mas, dados os vários problemas domésticos, o real pode terminar mais fraco do que 4,50 (por dólar). O cenário está sob revisão”, disseram em relatório.

reuters@moneytimes.com.br