Câmbio

Dólar bate R$ 3,90; BC anuncia leilão de swap maior e juros disparam

07 jun 2018, 11:05 - atualizado em 07 jun 2018, 11:05

Por Angelo Pavini, da Arena do Pavini – As preocupações com o ajuste fiscal e com o cenário político voltaram a pressionar o dólar, que abriu em forte alta diante do real peloterceiro dia seguido. A moeda americana atingiu R$ 3,90 para venda, em alta de 1,5% no mercado comercial, enquanto o dólar turismo, de varejo, está sendo cotado a R$ 4,11 para venda. A alta fez o Banco Central (BC) anunciar um novo leilão de contratos de swap cambial, que correspondem à venda de dólar futuro, de 40 mil contratos, ou US$ 2 bilhões, a maior oferta extra já feita este ano. Além dela há mais 15 mil contratos, no valor de US$ 750 milhões, e 8.800 contratos para rolagem do vencimento de julho, de US$ 440 milhões. O leilão vai até as 10h30. Mesmo assim, o dólar segue pressionado.

Mercado aposta em alta do juro

Os juros mais curtos nos mercados futuros voltaram a subir, com o contrato para janeiro de 2019 projetando 7,28% para este ano, 0,13 ponto percentual acima do fechamento de ontem e bem acima dos 6,5% da taxa básica atual, indicando que o mercado projeta uma alta da Selic ainda este ano para tentar conter o dólar.

A aposta do mercado cresce acompanhando outros países, que tiveram de elevar suas taxas de juros para conter a especulação contra suas moedas. Primeiro foi a Argentina no mês passado e, hoje, a Turquia elevou a taxa de 16,5% para 17,75% ao ano, ou 1,25 ponto para defender a lira, que se valorizou 1,75% depois.

BC não quer passar recibo de defender o real

No Brasil, com o leilão de swap maior, o BC parece indicar que não quer dar o braço a torcer e subir os juros, reforçando que sua política ainda é de estimular a economia e não combater uma desvalorização da moeda. Uma mudança só se justificaria se a inflação fosse contaminada pelo dólar, o que ainda não se mostrou ainda tão efetivo, apesar de o IGP-DI de maio já ter vindo mais forte que o esperado pelo mercado. O receio do BC é que o mercado veja uma alta dos juros como uma tentativa de controlar a cotação do dólar, o que inviabilizaria o regime de câmbio flutuante como sistema de proteção do real. Se cada vez que o dólar subir o BC elevar o juro, a política deixa de ser de metas de inflação e passa a ser de meta de dólar, como era antes de 1999.

Ibovespa cai quase 2%

No mercado de ações, o Índice Bovespa abriu em queda e, às 10h37, caía 1,93%, para 74.638 pontos. Petrobras cai 1,59% e Itaú Unibanco, 1,77%. Já a Vale ON sobe por conta do dólar.

Bolsonaro e Ciro, é o que temos para hoje?

Os investidores temem a eleição de um candidato a presidente contrário ao ajuste fiscal, que é o cenário que tem aparecido nas pesquisas, de uma polarização entre Jair Bolsonaro, de direita, e Ciro Gomes, de esquerda. Bolsonaro até tem um agenda mais liberal, representada pelo apoio do economista Paulo Guedes, mas todas suas atitudes anteriores sugerem um governo populista e nacionalista, voltado para a presença do Estado. Já Ciro Gomes afirma abertamente que vai eliminar o teto de gastos criado pelo governo atual para tentar reduzir o déficit nos próximos anos e controlar o crescimento da dívida. Ciro, por sua vez, fala em controlar as despesas com a dívida pública.

Leia mais sobre:
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.