Dólar avança pelo 8° pregão consecutivo e flerta com R$ 5,30
O dólar avançava frente ao real nos primeiros negócios desta quinta-feira, engatando seu oitavo dia consecutivo de ganhos e chegando a flertar com o patamar de 5,30 reais em meio à cautela no exterior e ao clima político doméstico cada vez mais tenso.
Às 10:49, o dólar avançava 0,84%, a 5,2832 reais na venda, depois de chegar a tocar 5,2963 reais na máxima do pregão.
Caso mantenha essa trajetória de valorização até o fechamento, a moeda norte-americana registrará sua oitava valorização diária consecutiva,
O contrato mais líquido de dólar futuro subia 0,80%, a 5,288 reais.
Esse movimento estava em linha com o desempenho do dólar frente a pares arriscados do real, como rand sul-africano, peso mexicano, peso chileno e a moeda australiana, que perdiam entre 0,6% e 0,75% nesta manhã.
Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, disse que os mercados internacionais estão apresentando um movimento claro e coordenado de aversão a ativos de risco. Entre os motores dessa tendência, apontou ele em blog, estão um cenário de crescimento mais brando no mundo no segundo semestre e a disseminação da variante Delta do coronavírus.
Enquanto isso, no Brasil, todos os olhares estavam voltados para Brasília.
“Vale destacar que, nos últimos sete dias, sem contar a valorização de hoje, o dólar recuperou toda a queda que teve no mês de junho, e o desempenho que a gente teve nesses pregões destoou de outros mercados emergentes”, disse à Reuters Mehanna Mehanna, sócio diretor da Phi Investimentos.
Segundo ele, considerando que não há sinais muito preocupantes nos indicadores econômicos domésticos e que o avanço da Covid-19 no Brasil parece estar começando a arrefecer em relação aos picos de óbitos e casos, interpreta-se que a valorização do dólar reflete o aumento das tensões políticas.
Na terça-feira, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou para a Polícia Federal o inquérito que investiga o presidente Jair Bolsonaro por possível crime de prevaricação no caso envolvendo suspeitas de irregularidades nas negociações para a compra da vacina Covaxin.
Enquanto isso, no Senado, a CPI da Covid rendeu na quarta-feira sua primeira ordem de prisão, direcionada ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias.
O dólar à vista já sobe cerca de 5,9% desde o último pregão de junho, em que a moeda fechou em 4,9764 reais na venda. No acumulado do mês passado, a divisa norte-americana caiu 4,765% contra o real.
Questionado sobre a tendência do dólar para os próximos meses, Mehanna disse que uma agenda de reformas e privatizações “bem executada” e a perspectiva de aumento de juros pelo Banco Central poderia ajudar a pressionar o dólar para baixo, mas alertou para a aproximação do ano eleitoral de 2022.
“Ano que vem devemos ter um risco eleitoral alto; será um ano de volatilidade. Nesse tipo de cenário, o dólar costuma ter uma demanda mais alta”, explicou.
A moeda norte-americana fechou a última sessão em alta de 0,55%, a 5,2391 reais, patamar mais alto para encerramento desde 27 de maio (5,2554 reais).