Dólar opera perto da estabilidade após novos sinais de arrefecimento da inflação dos EUA
O dólar à vista alternava entre leves quedas e altas nesta sexta-feira à medida que investidores digeriam dado de inflação dos Estados Unidos em linha com o esperado e declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Às 11:02 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,11%, a 5,0686 reais na venda.
Na B3, às 11:02 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,15%, a 5,0715 reais.
Na semana, o dólar à vista acumulava queda de cerca de 2,7%. A moeda norte-americana vem de quatro baixas seguidas contra a divisa local.
O dólar abriu em alta frente ao real e chegou a bater 5,0950 reais nos primeiros minutos de pregão, mas passou à estabilidade em movimento brusco ainda antes da divulgação do dado de inflação dos EUA.
Rápidas apreciações do real, e sem respaldo do exterior, foram vistas nos últimos dias, com agentes financeiros atribuindo-as, em geral, à entrada de recursos estrangeiros no país, diante de cenário mais favorável a emergentes e ao diferencial de juros entre Brasil e EUA.
O dólar acelerou ligeiramente o movimento de perdas localmente, acompanhando perda de força da moeda norte-americana globalmente, após o Departamento do Comércio divulgar que o índice de preços PCE, o preferido do Federal Reserve (Fed) para sua análise de política monetária, subiu 0,10% em dezembro. A alta é da mesma magnitude registrada em novembro.
O núcleo do PCE avançou 0,3%, em linha com o esperado por economistas consultados em pesquisa da Reuters e reforçando tendência apontada por dados anteriores que sinalizam um arrefecimento da inflação nos EUA, o que endossa postura menos agressiva do Fed.
O dado, que vem após Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA ter vindo acima do esperado na véspera, manteve a expectativa majoritária no mercado de que o Fed reduzirá novamente o ritmo de sua alta de juros na próxima reunião, marcada para semana que vem, e depois elevará a taxa apenas mais uma vez.
O dólar reduziu alta para cerca de 0,20% ante uma cesta de moedas fortes.
Além do Fed, o banco central da zona do euro e o próprio Banco Central do Brasil (BC) têm reuniões de política monetária na semana que vem.
No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista ao jornal Valor Econômico que a reforma tributária manterá a carga de impostos no nível atual, o que ajudará a colocar o Brasil em uma trajetória fiscal sustentável.
Ele afirmou que, combinada à aprovação conjunta do novo arcabouço fiscal ainda no primeiro semestre, as mudanças “sem dúvida” diminuirão pressões inflacionárias e, consequentemente, facilitarão a condução da taxa básica de juros pelo BC.
“A entrevista agrada, ela traz algum ânimo para os investidores. É óbvio que tem temas ali não tão bem recebidos, por exemplo, ele volta a falar da moeda comum. Mas naquilo que o mercado acha que tem mais chance de avançar, que é reforma tributária e novo arcabouço fiscal, ele se mostrou otimista”, disse à Reuters o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos.
Ainda na cena política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontra-se com governadores na manhã desta sexta-feira, em meio à debate sobre a reoneração dos combustíveis. Lula disse a eles que a questão será discutida e que quer estabelecer uma nova relação com os entes federados.
O presidente também almoçará com os governadores mais tarde.
Haddad já colocou a retomada da tributação entre seus planos, mas disse que a decisão sobre o tema ainda dependia de avaliação de Lula.
A desoneração sobre esses insumos foi adotada no ano passado pelo governo Jair Bolsonaro como forma de mitigar efeitos da alta do petróleo e conter a inflação. Lula prorrogou a medida após tomar posse, contra a vontade de Haddad.
Na véspera, o dólar à vista fechou em baixa de 0,13%, a 5,074 reais na venda.
(Atualizada às 11:23)