Dólar opera sem direção clara atento a BCs e caminha para queda no mês
O dólar à vista operava próximo da estabilidade nesta terça-feira, tendo apagado ganhos de mais cedo após perda de força da moeda norte-americana no exterior, antes de importantes decisões de política monetária, em especial do Federal Reserve, nesta semana.
A sessão pode ter maior volatilidade nesta manhã devido à formação da Ptax.
Às 10:41 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,08%, a 5,1108 reais na venda.
Na B3, às 10:41 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,19%, a 5,1135 reais.
No mês, entretanto, o dólar à vista caminhava para queda de 3,23% frente ao real, influenciado pelo fluxo de recursos ao Brasil e o enfraquecimento da divisa norte-americana no período.
As atenções estão voltadas para a reunião de dois dias do Fed que se inicia nesta terça-feira. A expectativa no mercado é de que o banco central norte-americano anuncie nova redução no ritmo do aperto monetário, com uma alta de 0,25 ponto percentual no juros. Desse modo, é o discurso do chair do Fed, Jerome Powell, que ganhará os holofotes.
Na quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra divulgam suas decisões de juros.
Enquanto aguardam pelas reuniões, agentes financeiros digeriam nesta manhã dados do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro, enquanto, na China, a atividade econômica voltou a crescer em janeiro, segundo o PMI oficial da indústria.
A reabertura econômica da China, após relaxamento de rígidas restrições contra a Covid-19, é um dos fatores, segundo analistas, que vêm tornando o real mais atrativo para o capital externo, junto, por exemplo, ao diferencial de juros.
Em comentário a clientes, a equipe da Mirae Asset mencionou o PMI chinês e revisão da projeção de crescimento econômica da China pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e disse que “isso deve estimular ainda mais a demanda por commodities, beneficiando o Brasil pelas importações, mas impactando pela inflação”.
O dólar operava estável contra um cesta de seis moedas fortes, depois de subir pela manhã, e apresentava desempenho misto contra as divisas emergentes.
Autoridades do Banco Central brasileiro também iniciam nesta terça-feira reunião de política monetária, com estimativa majoritária no mercado de uma manutenção da Selic a 13,75% ao ano e foco no comunicado.
O encontro ocorrerá em meio a um ambiente de alta nas expectativas para a inflação, incertezas sobre a política econômica e piora nas projeções para a taxa básica de juros, quadro incrementado por ruídos gerados pelo novo governo nas últimas semanas.
“É ao Fed que o mercado está muito atento. Muito mais relevante do que o BCE ou nosso Copom”, disse à Reuters o gerente da mesa de câmbio da Commcor, Cleber Alessie. Ele alertou, porém, que o câmbio operava mais descolado dos fundamentos nesta manhã devido à formação da Ptax.
A Ptax é calculada ao fim de cada mês pelo BC e agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar, o que geralmente eleva a volatilidade.
A agenda local do dia traz divulgação de dados do mercado de trabalho, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa de reunião do Conselho da Febraban. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem, entre outros compromissos, reunião com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
Investidores ainda aguardavam novidades sobre as eleições internas no Congresso que ocorrem mais tarde nesta semana.
Na véspera, o dólar à vista fechou com variação positiva de 0,04%, a 5,1147 reais na venda.
(Atualizada às 10:57)