Dólar avança com exterior recalculando a rota dos juros nos EUA
Um dos eventos econômicos mais aguardados desta semana, o depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, ao Congresso deu força ao dólar em todo o mundo e fez a moeda norte-americana fechar em alta ante o real no Brasil.
Aos senadores, Powell adotou um discurso hawkish (duro) sobre a política monetária e elevou a percepção de que o Fed poderá elevar sua taxa de juros em 0,50 ponto percentual na próxima reunião, e não em 0,25 ponto.
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A expectativa de juros mais altos nos EUA deu força ao dólar ante outras divisas e pressionou as bolsas de ações.
No Brasil, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1938 reais, em alta de 0,47%.
Na B3, às 17:47 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,42%, a 5,2170 reais.
No início da manhã, o dólar chegou a oscilar em queda ante o real, com agentes do mercado à espera de eventuais detalhes sobre o novo arcabouço fiscal no Brasil e da fala de Powell ao Congresso dos Estados Unidos.
Como a reunião da manhã entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não trouxe novidades nem sobre o arcabouço nem sobre o futuro da política monetária no Brasil, o mercado se voltou para os Estados Unidos.
Às 12h (horário de Brasília), Powell começou a falar e deu força à percepção de que a alta de juros nos Estados Unidos pode acelerar.
“Os dados econômicos mais recentes chegaram mais fortes do que o esperado, o que sugere que o nível final dos juros deve ser mais alto do que o previsto anteriormente”, disse Powell. “Se a totalidade dos dados indicar que um aperto mais rápido se justifica, estaremos preparados para aumentar o ritmo das altas de juros”, acrescentou.
Em reação, os ativos de risco perderam força em todas as praças, enquanto o dólar acelerou os ganhos ante as moedas de países emergentes. Com o início da fala de Powell, a moeda americana saltou da casa dos 5,17 para a máxima de 5,2059 (+0,70%), às 12h09.
“Este tom mais duro do presidente do Fed acabou trazendo aversão ao risco aos mercados de forma geral. Com isso, algumas casas já preveem que o banco central americano suba mais os juros na próxima reunião”, avaliou a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.
No mercado futuro de juros norte-americano, a precificação já aponta mais de 50% de chances de o Fed subir os juros em 0,50 ponto percentual em 22 de março.
“Salvo uma surpresa baixista para os dados dos Estados Unidos, é de se esperar um aumento de 0,50 na próxima reunião do Fed. Com isso, o dólar está ganhando força ante as principais moedas e aqui também”, comentou o economista da BlueLine Asset Management, Flavio Serrano. “Isso (a alta maior de juros nos EUA) prejudica a dinâmica do câmbio, pressiona as taxas de juros e atrapalha no curto prazo”, acrescentou.
Nas mesas de operação no Brasil, porém, a percepção é de que o rumo do dólar dependerá do novo arcabouço fiscal, a ser apresentado pelo Ministério da Fazenda ainda este mês. Se o arcabouço for crível, haveria espaço para queda nas cotações.
“O dólar poderia estar um pouco mais baixo, na nossa visão. Não está, por causa do arcabouço fiscal”, disse Serrano.Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16 mil contratos de swap cambial para rolagem dos vencimentos de abril.
Às 17:47 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 1,26%, a 105,570.
(Atualizada às 17:57)