Moedas

Dólar avança ante real em meio a força da moeda no exterior e incertezas domésticas

29 mar 2021, 9:21 - atualizado em 29 mar 2021, 10:29
Dólar
Às 10:18, o dólar avançava 1,03%, a 5,7990 reais na venda (Imagem: Pixabay)

O dólar operava em alta contra o real nesta segunda-feira, chegando a superar os 5,79 reais, em meio à força da moeda norte-americana no exterior e ao clima doméstico cauteloso diante do recrudescimento da Covid-19 e incertezas fiscais.

Às 10:18, o dólar avançava 1,03%, a 5,7990 reais na venda, depois de tocar 5,7970 na máxima do pregão, enquanto o dólar futuro negociado na B3 ganhava 0,56%, a 5,791 reais.

No exterior, peso mexicano, peso chileno, lira turca e rand sul-africano, divisas emergentes cujo movimento o real tende a acompanhar, operavam em queda contra o dólar, com o cenário econômico promissor dos Estados Unidos impulsionando a demanda pela moeda norte-americana.

Contra uma cesta de pares fortes, o dólar operava perto da estabilidade, próximo de uma máxima desde novembro de 2020.

Enquanto isso, no Brasil o cenário repleto de incertezas colaborava para a busca por segurança.

No domingo, o número total de óbitos provocados pela Covid-19 no Brasil ultrapassou a marca de 312 mil, mostraram dados do Ministério da Saúde, enquanto os casos confirmados da doença já superam os 12,5 milhões.

Vários Estados brasileiros estão operando sob restrições mais rigorosas de combate à Covid-19, com o governo de São Paulo anunciando na sexta-feira passada a prorrogação até o dia 11 de abril da Fase Emergencial da quarentena.

“Os primeiros resultados do endurecimento do isolamento deveriam ser registrados esta semana, mas a maioria dos especialistas ainda prevê um crescimento no número de casos e mortes nos próximos 14 dias”, disse em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

“A situação da pandemia segue delicada e investidores buscam avaliar até quando as medidas de isolamento agressivas impostas em diversos Estados serão estendidas.”

A vacinação no Brasil segue em ritmo lento, com atrasos no cronograma de produção e seguidas reduções nas promessas de doses a serem entregues após uma demora do governo em negociar com laboratórios, o que deixa o país sem uma perspectiva de resolver a crise no curto prazo.

“Ao mesmo tempo, o cenário de fragilidade fiscal vai se agravando na medida em que um orçamento inexequível chega à mesa do presidente para ser sancionado, ameaçando dar um fim ao teto de gastos”, completou Beyruti.

O Congresso Nacional aprovou na quinta-feira passada a proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021. De autoria do relator Marcio Bittar (MDB-AC), o texto aprovado traz um remanejamento de recursos de mais de 25 bilhões de reais, boa parte destinada a emendas parlamentares, e retirou recursos de áreas como a Previdência e do abono salarial.

O texto aprovado segue agora para sanção presidencial.

A Genial Investimentos destacou em nota matinal que o texto aprovado pelo Congresso atraiu críticas de vários setores, inclusive de técnicos do governo e economistas. “Diante disso, Bolsonaro deve propor cortes nas emendas parlamentares, o que pode gerar tensão” com membros do Legislativo.

Nesta segunda-feira, também ficava no radar dos investidores a notícia de que a confiança do setor de serviços brasileiro caiu a seu menor patamar em nove meses em março, de acordo com dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O dólar negociado no mercado interbancário fechou a última sessão em alta de 1,25%, a 5,7406 reais na venda.

Neste pregão, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em dezembro de 2021 e abril de 2022.

(Atualizada às 10h29)