Dólar avança ante real após perdas recentes, com mercado à espera do Copom
O dólar devolveu completamente as perdas registradas contra o real no início do pregão e avançava nesta quarta-feira, depois de recuar nas últimas quatro sessões, enquanto investidores aguardavam a conclusão da reunião de política monetária do Banco Central.
O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC será anunciado após o fechamento dos mercados, e há ampla expectativa de nova elevação de 1,50 ponto percentual da taxa Selic, para 10,75% ao ano.
Às 12:26 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,58%, a R$ 5,3040 na venda, depois de ter chegado a cair 0,36% na mínima do dia, a R$ 5,2543.
Na B3, às 12:26 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,69%, a R$ 5,3380.
Alguns participantes do mercado atribuíram a recuperação do dólar a um movimento de ajuste, já que a moeda norte-americana vem de uma sequência de quatro pregões consecutivos de desvalorização, período em que acumulou baixa de 3,04%.
Na terça-feira, o dólar à vista fechou em 5,2732 reais na venda, mínima desde 16 de setembro do ano passado (R$ 5,2654 ).
Apesar da valorização da moeda norte-americana nesta manhã, André Digiacomo, estrategista de juros e moedas para América Latina do BNP Paribas, afirmou que enxerga vários fatores de suporte para o real, que explicariam a acentuada baixa acumulada pelo dólar neste início de ano, de 4,8% até o momento.
Um desses fatores é o ciclo de aperto monetário do Banco Central, uma vez que custos de empréstimos mais altos por aqui aumentam o carrego (retorno oferecido por diferenciais de taxas de juros) da moeda brasileira. “Olhando a Selic hoje e o carrego anual do real – em torno de 10% – é dificil, caro, o investidor manter posições negativas na divisa”, explicou Digiacomo.
“Além da alta da Selic, temos outros colchões: uma conta corrente em níveis mais sustentáveis, termos de troca melhores e preços altos das commodities”, o que pode proteger o real dos efeitos de eventuais aumentos de juros nos EUA.
No momento, há apostas de que o banco central norte-americano, o Federal Reserve, elevará os custos dos empréstimos em 0,25 ponto percentual cinco vezes ao longo deste ano, começando em março, o que é, no geral, é visto como positivo para o dólar.
Em sua última revisão de cenário, divulgada em meados de dezembro passado, o BNP projetava taxa de câmbio de R$ 5,60 por dólar ao fim deste ano.