Dólar avança ante real após dados fracos da China e ruído doméstico segue em foco
O dólar iniciava a semana com ganhos frente ao real, em segunda-feira marcada por dados decepcionantes sobre a economia chinesa, enquanto os investidores continuavam atentos ao noticiário político e fiscal brasileiro.
O crescimento da produção industrial e das vendas no varejo da China desacelerou com força e ficou abaixo das expectativas dos mercados em julho, uma vez que novos surtos de Covid-19 e enchentes prejudicaram as operações das empresas, ampliando os sinais de que a recuperação da segunda maior economia do mundo está perdendo força.
Na esteira dos números, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes apresentava recuperação no exterior, depois de ter caído no final na semana passada. Frente a rand sul-africano, peso mexicano e dólar australiano, divisas sensíveis ao risco, a moeda norte-americana registrava ganhos nesta manhã.
“Além dos dados decepcionantes na China, a cautela no cenário internacional com os problemas geopolíticos também pesa” nos mercados, disse em nota Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora. “O avanço do Taleban para controlar o Afeganistão, em meio à retirada das tropas americanas, é monitorado pelos investidores ao redor do globo, e a disseminação do coronavírus e seus efeitos para a economia mundial seguem como preocupação.”
Nesse contexto de aversão a risco generalizada, às 10:07, o dólar avançava 0,22%, a 5,2578 reais na venda, depois de chegar a tocar 5,298 reais na máxima do dia. Na B3, o principal contrato de dólar futuro tinha ganho de 0,02%, a 5,264 reais.
Fiscal pesa
O noticiário externo exacerbava o pessimismo já presente nos mercados brasileiros em meio ao perseverante ruído político e fiscal, que tem ajudado a manter o dólar em patamares elevados nas últimas semanas.
A proposta de parcelamento dos pagamentos de precatórios, encaminhada pelo governo ao Congresso, elevava as dúvidas sobre a capacidade da União de honrar suas obrigações e respeitar o teto de gastos, enquanto a tensão política atrapalhava o avanço de reformas importantes no Legislativo, disse à Reuters Alexandre Almeida, da CM Capital. “Tudo isso traz volatilidade para o mercado, o que tem impacto no dólar.”
Mas, a despeito da incerteza local, ele ainda espera que o dólar se desvalorize a 5,10 reais até o fim de 2021. “Apesar da instabilidade recente, o posicionamento do Federal Reserve deve continuar estimulativo, mantendo a liquidez global alta, enquanto, no Brasil, o movimento é contrario: de restrição monetária”, explicou.
Agora, disse Almeida, os investidores ficarão atentos a dados de terça-feira sobre as vendas no varejo e a produção industrial dos Estados Unidos, que podem oferecer alguma luz aos investidores sobre o futuro do estímulo do banco central norte-americano. Depois, na quarta-feira, o foco estará sobre a ata do último encontro do Fed.
A moeda norte-americana spot fechou o último pregão, na sexta-feira, em queda de 0,15%, a 5,2461 reais.
(Atualizada às 10h14)