Após cair 2,4%, o que esperar do dólar em semana de ‘super quarta’ de BCs?
O dólar à vista fechou a semana anterior com desvalorização de 2,4%, cotado a R$ 4,86 para venda, interrompendo duas altas semanais seguidas.
Contudo, esta semana promete ser agitada para a moeda norte-americana já que tem a ‘super quarta’ de Bancos Centrais.
Aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá cortar a taxa Selic novamente em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 12,75% ao ano. Enquanto lá fora, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deverá manter a taxa de juros.
Para o sócio-analista da Ajax Asset, Rafael Passos, a semana promete ser de volatilidade para a divisa estrangeira e sem surpresas, caso o Fed mantenha a taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,50%.
“Os dados de inflação nos Estados Unidos vêm mostrando desaceleração e estão um pouco saudáveis. Aparentemente, a economia americana vem convergindo para os níveis pré-pandemia de covid-19. Mas claro, a inflação ainda está acima da meta e há muito o que [o Fed] fazer”, diz Passos.
- A alta do petróleo não fez nem cócegas nas ações da Petrobras (PETR4), que subiram quase 50% desde maio. Assista ao Giro do Mercado desta sexta-feira (15) e saiba se é hora de investir na petroleira.
Semana deve ser de dólar volátil
Desta forma, segundo Passos, o discurso de “pouso-suave” pelo Fed ganhou força com a economia norte-americana mostrando-se resiliente. Ele acrescenta que a possibilidade de recessão nos Estados Unidos perdeu força.
De todo modo, o Dollar Index (DXY) – índice que mede a força da moeda norte-americana ante uma cesta de divisas como euro, libra esterlina e iene -, segue nas máximas desde março deste ano, acima dos 105 pontos.
O profissional da Ajax Asset destaca que, na quarta-feira, as atenções se voltam novamente para o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.
“O dólar poderá ganhar um pouco de força dependendo do discurso dele, podendo ser mais duro [hawkish] sobre a inflação americana”, comenta.
Segundo Passos, consequentemente, o movimento da moeda no exterior poderá esbarrar no real, refletindo em um dólar mais forte também no mercado doméstico.
Entretanto, o sócio-analista da Ajax diz que o último resultado do índice oficial de inflação do país (IPCA), de alta de 0,23%, trouxe um pouco de conforto, abrindo margem para cortes adicionais da Selic pelo Copom.
Apesar da disparada do preço do petróleo no mercado internacional, um dos fatores que têm ajudado a sustentar o dólar nas máximas em seis meses, Passos ressalta que a divisa estrangeira tem trabalhado entre R$ 4,80 e R$ 5,00. “Vejo que a divisa deverá seguir nesse intervalo”, pondera.