Dólar acompanha recuperação do apetite por risco global e cede terreno ante real
O dólar caía frente ao real nesta terça-feira, refletindo recuperação global no apetite por risco depois que temores de calote da gigante chinesa Evergrande abalaram os mercados na véspera.
Enquanto isso, os operadores continuavam atentos à política monetária com o início nesta terça-feira das reuniões do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, que se encerram na quarta.
Às 10:18, o dólar recuava 0,17%, a 5,3196 reais na venda, enquanto o contrato mais negociado de dólar futuro caía 0,29%, a 5,3225 reais.
Após preocupações com a solvência da incorporadora Evergrande derrubarem as bolsas e impulsionarem divisas consideradas seguras na segunda-feira, o apetite por ativos arriscados mostrava alguma recuperação neste pregão, com alguns investidores citando risco limitado de que um calote da empresa chinesa contamine a economia mais ampla.
“Nesta manhã, o movimento é de correção dos preços dos ativos que tiveram recuos expressivos ontem por conta de temores com riscos vindos do setor imobiliário chinês”, escreveram analistas do Bradesco em nota.
O índice do dólar contra uma cesta de moedas caía 0,13% no dia, depois de tocar máxima em um mês na sessão anterior. Enquanto isso, as ações europeias e os futuros de Wall Street mostravam recuperação.
Alexandre Netto, chefe de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, disse à Reuters que é normal haver realização de lucros depois de movimentos acentuados nos preços dos ativos, mas alertou que ainda não há resolução definitiva à vista para os problemas da Evergrande.
“Isso ainda pode gerar problemas de liquidez e ter efeito de contágio, principalmente em economias que têm dependência muito grande da China, como é o caso do Brasil”, explicou, afirmando que o tema deve continuar no radar internacional nos próximos dias.
A moeda norte-americana spot fechou o último pregão em alta de 0,78%, a 5,3287 reais.
Super quarta
Tanto o Federal Reserve quando o Banco Central do Brasil começam nesta terça-feira e encerram na “super quarta” — como é conhecida nos mercados financeiros — suas respectivas reuniões de política monetária.
Nos Estados Unidos, a expectativa gira em torno de pistas sobre quando o Fed começará a reduzir suas expressivas compras mensais de títulos.
Embora boa parte dos mercados acredite que um anúncio definitivo de corte de estímulos pelo banco central norte-americano fique apenas para novembro ou dezembro, espera-se que haja alguma menção sobre o assunto no comunicado de quarta-feira, disse Netto, da Acqua-Vero.
Segundo especialistas, qualquer anúncio antecipado de reversão de suporte do Fed poderia prejudicar ativos de países emergentes, uma vez que a perspectiva de redução da liquidez global tenderia a redirecionar recursos para os EUA.
No Brasil, o consenso é de que o BC vai elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 6,25% ao ano, dando continuidade ao ciclo de aperto monetário mais intenso do mundo no momento.
Juros mais altos no Brasil tornam o mercado de renda fixa doméstico mais atraente para o investidor estrangeiro, o que pode elevar o ingresso de dólares no país e levar a valorização do real.
(Atualizada às 10:36)