Dólar acelera ganhos após perdas do último pregão; mercado foca saúde de Bolsonaro e Ômicron
O dólar acelerou os ganhos contra o real nesta segunda-feira, com investidores realizando lucros depois de a moeda registrar fortes perdas na última sessão do ano passado e reagindo à notícia de que o presidente Jair Bolsonaro está internado com quadro de obstrução intestinal, enquanto, no exterior, o foco estava sobre a variante Ômicron do coronavírus.
Às 12h10 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 1,37%, a 5,6500 reais na venda.
Na B3, às 12:09 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,31%, a 5,6850 reais.
Alexandre Netto, chefe de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, disse à Reuters que essa alta é “um reflexo da forte desvalorização do dólar contra o real no pregão anterior”, com “alguns agentes realizando lucro, outros tomando posição em um dólar mais baixo”.
A moeda norte-americana fechou o dia 30 de dezembro em queda de 2,11%, a 5,5735 reais na venda, sua perda diária mais acentuada desde 24 de agosto (-2,25%).
O comportamento desta segunda-feira também estava em linha com o fortalecimento do índice do dólar frente a uma cesta de seis rivais fortes, que, às 12:09 (de Brasília), subia 0,53%, a 96,187, nas máximas da sessão, depois de ter apresentado ganhos mais moderados mais cedo no dia.
O dólar australiano, divisa sensível ao apetite global por risco, caía mais de 0,8% contra o dólar nesta segunda-feira, enquanto, na América Latina, peso chileno e peso mexicano também operavam no vermelho, embora a ritmo mais comportado.
O foco internacional estava sobre a disseminação da variante Ômicron do coronavírus, à medida que vários países do mundo registram números recordes de infecções pela Covid-19.
As mortes pela doença, no entanto, não têm avançado na mesma proporção que os casos confirmados, o que traz alguma esperança de que a nova variante seja menos letal.
No Brasil, investidores monitoravam novidades sobre o estado de saúde do presidente, que está internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, desde a madrugada. Segundo boletim médico, Bolsonaro passará por exames e não tem previsão de alta.
Isso, segundo Netto, “gera ruídos no mercado”.
A conjuntura fiscal brasileira –tema que deve voltar a dominar a atenção de investidores em 2022, dividindo os holofotes com a corrida eleitoral à Presidência– também estava no radar nesta segunda-feira.
Apesar da melhora em dados fiscais recentes, com o setor público consolidado brasileiro registrando superávit primário maior do que o esperado em novembro, “a maior fragilidade nesse fronte diz respeito às pressões por mais gastos permanentes, o que, em ano eleitoral, tende a ser intensificado”, disse em nota matinal Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Funcionários públicos de várias categorias decidiram no fim do ano passado promover dias de paralisação das atividades em janeiro e avaliar a realização de uma greve geral em protesto pela falta de uma política de reajuste salarial do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Sua mobilização vem depois de a União já ter conseguido, por meio da PEC dos Precatórios, abrir espaço fiscal para mais gastos com ajuda financeira à população. O novo programa de transferência de renda do governo, o Auxílio Brasil, foi fixado em 400 reais por família.
No acumulado de 2021, o dólar subiu 7,36%, seu quinto ano consecutivo de valorização.
(Atualizada às 12:34)