Moedas

Dólar acompanha cautela externa e sobe ante real, mas ainda caminha para queda semanal

21 out 2022, 9:16 - atualizado em 21 out 2022, 11:23
Dólar
Às 11:08 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,76%, a 5,1769 reais na venda (Imagem: Unsplash/regularguy.eth)

O dólar devolveu fortes ganhos de mais cedo e passava a cair frente ao real nesta sexta-feira, em linha com melhora no humor internacional após notícias de que o Federal Reserve estaria debatendo eventual desaceleração do ritmo de aperto monetário.

Mesmo assim, temores de altas de juro intensas demais nas principais economias continuavam no radar de investidores, bem como a escalada da incerteza política no Reino Unido.

Às 11:08 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,76%, a 5,1769 reais na venda, rondando os menores níveis do dia, depois de mais cedo chegar a saltar 1,17%, a 5,2779 reais.

Na B3, às 11:08 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,77%, a 5,1845 reais.

A virada no sinal da moeda norte-americana no mercado doméstico veio na esteira de recuperação das ações listadas nas principais bolsas, desaceleração da alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e enfraquecimento do índice que compara o dólar a seis pares fortes.

Investidores encontraram algum conforto em reportagem do Wall Street Journal de que o banco central dos EUA provavelmente elevará sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual em sua reunião de novembro, mas também debaterá como sinalizar planos de aprovar um aumento menor em dezembro.

A informação vem depois de, na véspera, o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, ter dito que a autoridade monetária não terminou de aumentar a sua meta de juros de curto prazo, e pode elevá-la ainda mais no ano que vem se o ritmo de alta dos preços não esfriar.

Quanto mais agressivo é o Federal Reserve no aperto da política monetária, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, de forma que uma moderação do ritmo de alta de juros poderia abrir espaço para a valorização de outras moedas que não a norte-americana.

Ainda assim, Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos, disse que o mercado continua cauteloso em relação à crise política no Reino Unido, após a renúncia da primeira-ministra Liz Truzz, e a apostas num aperto monetário global mais agressivo em função da inflação elevada.

Na véspera, Truss anunciou que deixará o cargo de primeira-ministra do Reino Unido depois de apenas seis semanas no poder, derrubada por um programa econômico de corte de impostos que abalou os mercados e dividiu seu Partido Conservador.

Embora a saída de uma líder já sem credibilidade tenha sido recebida na quinta-feira como motivo de alívio para alguns investidores, o aumento da incerteza sobre quem será o próximo premiê de um dos maiores centros financeiros do mundo passou a pesar mais nitidamente sobre o humor global nesta sexta.

Depois de registrar fortes perdas no início da semana e na sessão anterior, o dólar ficava a caminho de encerrar a semana em baixa de 2,75% frente ao real.

O relativo bom humor dos mercados brasileiros tem ajudado a sustentar a moeda local, diante de aparente acirramento da eleição presidencial, com pesquisas de intenção de voto recentes mostrando redução da diferença entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o candidato a um segundo mandato Jair Bolsonaro (PL).

“Ao contrário do que muitos analistas esperavam até algumas semanas atrás, as pesquisas de opinião pública começam a sinalizar para um segundo turno bastante apertado”, disse a Genial Investimentos em nota.

“A reação dos investidores a este aumento da probabilidade de vitória do presidente Bolsonaro tem sido bastante positiva, em especial nos preços das ações das empresas estatais e na evolução da taxa de câmbio. A nosso ver, uma vitória do Bolsonaro ainda não está totalmente precificada.”

A agenda econômica do atual presidente é vista como muito mais liberal quando comparada à de Lula. No entanto, economistas têm alertado que ambos os candidatos ao Planalto podem precisar flexibilizar as regras fiscais do país no ano que vem caso sejam eleitos, de forma a cumprir promessas de gastos feitas durante suas respectivas campanhas.

(Atualizada às 11:23)

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