Dólar abre em queda de mais de 1% e abaixo de R$ 5,40 após a ‘Superquarta’
O dólar à vista (USDBRL) iniciou a sessão desta quinta-feira (19) em queda de mais de 1% ficando abaixo de R$ 5,40, em reação às decisões sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil.
Na comparação com o real, a moeda norte-americana operava a R$ 5,3958 nos primeiros minutos de negociações.
Ao longo do pregão, a divisa reduziu as perdas e voltou ao nível dos R$ 5,40.
No exterior, o indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, iniciou o dia próximo da estabilidade e encerrou com leve alta de 0,03%. Confira o fechamento do dólar.
O que derruba o dólar hoje?
O mercado doméstico repercute o tom “mais agressivo” do Banco Central no comunicado da decisão sobre a taxa básica de juros.
Ontem (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a Selic em 25 pontos-base, a 10,75% ao ano, dando a largada em um ‘miniciclo’ de aperto monetário.
No comunicado, o Comitê afirmou que “o cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista”.
O colegiado também considerou que “o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”.
Com todo este cenário apresentado pelo Copom, aumentaram as apostas dos agentes financeiros de uma elevação da Selic em 50 pontos-base na reunião de novembro.
Além disso, a valorização das commodities impulsiona as moedas emergentes, como o real.
No exterior, os juros nos Estados Unidos segue em direção contrária.
O Federal Reserve (Fed) cortou os juros em 0,50 ponto percentual (p.p.), a 4,75% a 5,00%. A magnitude da redução foi em linha com a expectativa do mercado, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group.
Além disso, essa foi a primeira redução desde março de 2020 e marca o início do ciclo de afrouxamento monetário na maior economia do mundo.
“O Comitê (Federal de Mercado Aberto, o Fomc, na sigla em inglês) adquiriu maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2% e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados”, disse o Fed em um comunicado.
Durante a coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a autoridade monetária não “esperou muito tempo” para reduzir sua taxa básica de juros.
“Não achamos que estamos atrasados” em relação à necessidade de cortar os juros, dadas as perspectivas, disse Powell. “Temos sido muito pacientes” com a política monetária e “acho que essa paciência rendeu dividendos” na forma de um declínio convincente da inflação.
Vale lembrar que quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos Treasuries caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil.