Dólar abre junho em queda e volta aos R$ 5,00
Após três altas consecutivas, o dólar à vista fechou em baixa firme ante o real nesta quinta-feira, com investidores ajustando posições depois da forte pressão técnica vista na véspera e em função do otimismo no exterior, na esteira do avanço na Câmara dos Estados Unidos do projeto que suspende o teto da dívida do governo.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0069 reais na venda, com baixa de 1,29%. Foi o maior recuo percentual desde 27 de abril, quando havia caído 1,56% em um único dia.
Na B3, às 17:39 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,94%, a 5,0375 reais.
O dólar oscilou em baixa ante o real durante toda esta quinta-feira.
Em parte, as cotações recuavam em meio a um ajuste de posições de alguns agentes no mercado futuro, após os investidores comprados (posicionados na alta do dólar) terem impulsionado os preços na quarta-feira, para formação da Ptax de fim de mês.
Além disso, a queda no Brasil estava em sintonia com o recuo do dólar ante outras divisas no exterior, em função do otimismo após a aprovação na Câmara dos EUA do projeto de lei que suspende o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares.
A proposta foi aprovada com o apoio da maioria de democratas e republicanos e agora seguirá para o Senado, que deve promulgar a medida antes do prazo final de segunda-feira, quando o governo deve ficar sem dinheiro para pagar suas contas.
“Assim que se resolveu nos EUA o acordo do teto da dívida, os juros norte-americanos de curto prazo caíram. Isso porque muito provavelmente o Federal Reserve não vai mais subir os juros”, pontuou José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos.
De fato, no fim da tarde os títulos públicos norte-americanos precificavam cerca de 71% de chances de o Fed manter sua taxa básica na faixa de 5,00% a 5,25% ao ano em sua reunião de junho. A probabilidade de elevação de 0,25 ponto percentual estava precificada em cerca de 29%.
“Houve uma mudança completa da precificação do Fed. O mercado está convencido de que a instituição não vai subir os juros. No Brasil, passada a Ptax e com a reprecificação sobre o Fed no exterior, é natural o dólar cair”, acrescentou Faria Júnior.
Esta queda do dólar à vista no Brasil esteve em sintonia com o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes ou exportadores de commodities, como o dólar australiano, o peso mexicano < MXNUSD=R> e o peso chileno.
Às 17:39 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,58%, a 103,550.
No Brasil, pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de julho.
À tarde, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informou que a balança comercial brasileira registrou superávit de 11,378 bilhões de dólares em maio, o melhor resultado para todos os meses na série histórica.
Também pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,9% no primeiro trimestre na comparação com os três meses anteriores. Isso representa uma forte retomada depois de a economia ter contraído 0,1% nos três últimos meses de 2022. Os dados do PIB, contudo, não influenciaram de forma decisiva o dólar.
Em função dos resultados mais recentes, as projeções do governo para o setor comercial em 2023 podem melhorar, conforme a secretaria. Os números indicam que, na área comercial, o país segue atraindo a divisa norte-americana.