Dólar volta a subir com instabilidade externa
O dólar ensaiava alta contra o real nesta terça-feira, mas já oscilou entre perdas e ganhos, com o sentimento ainda instável depois do mau humor da véspera por causa de uma onda global de aversão a risco por temores relacionados à Covid-19.
A fraca agenda de indicadores econômicos no Brasil e o recesso parlamentar orientam as atenções para a cena externa, onde têm predominado receios sobre impactos econômicos de novas ondas de coronavírus pelo mundo.
Às 9h48, o dólar à vista avançava 0,45%, a 5,2729 reais na venda. Em menos de uma hora de pregão, já oscilou de 5,2314 reais (-0,34%) a 5,2752 reais (+0,49%).
Na segunda-feira, a cotação saltou 2,59%, a 5,2494 reais na venda, maior patamar desde 8 de julho deste ano e maior valorização percentual desde 18 de setembro de 2020.
Lá fora, o dólar voltava a ganhar força frente a vários de seus pares, depois de um início de sessão mais leve.
Como notou o Bradesco, os mercados mostram instabilidade conforme os mesmos temas seguem no radar dos investidores.
“As preocupações com os impactos da variante Delta no processo de reabertura econômica limitam a recuperação dos mercados”, disse o banco em relatório matinal, em que cita a força recente do dólar antes da temporada de balanços corporativos de empresas norte-americanas.
De forma geral, o dólar voltou a ganhar terreno no mundo desde junho, com investidores colocando nos preços aperto da política monetária nos Estados Unidos. No Brasil, a moeda sobe 7,2% desde que tocou uma mínima de cerca de 4,89 reais em 25 de junho.
Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, diz por ora não ter visão direcional para a moeda no Brasil.
“Ainda acredito que o cenário-base seja de muita volatilidade e pouca tendência”, afirmou, acrescentando que em momentos de maior otimismo prefere adicionar posições pró-dólar, como o fez no fim do mês passado.
Puxada também pelo clima político interno mais ruidoso, a volatilidade do real desde o começo do mês voltou a ser a mais alta dentre pares comparáveis.
A volatilidade implícita do real –uma medida do grau de incerteza sobre os rumos da moeda– para três meses está em 16,5%, acima até mesmo da medida para a instável lira turca, que está em 14,8%.