Dólar abaixo de R$ 5: Dois motivos para acreditar que marca tem prazo de validade
O dólar fechou a sessão da última sexta-feira no menor patamar em um ano, após dados negativos da China elevarem a perspectiva de que o governo chinês poderá dar suporte à sua economia.
A moeda está cotada a R$ 4,8761 na venda, com baixa de 0,98%.
Porém, para o economista André Perfeito essa queda tem limites. Apesar de acreditar na moeda a R$ 4,80 no curto prazo, ele vê o dólar em R$ 5 até o fim do ano.
“Como havia argumentado o real se aprecia na esteira da queda, ou melhor dizendo, na perspectiva da queda dos juros o que faz o preço dos ativos locais subirem (especialmente Bolsa) e assim a demanda por ativos locais sobem apreciando a moeda local”, argumenta.
O economista afirma ainda que em situações normais de temperatura e pressão isso não faria sentido dessa forma, mas a base de comparação é tão baixa que o efeito dos juros sobre o câmbio tem efeito diverso do usual.
Outro fator que corrobora para um real mais forte segundo ele é o saldo comercial positivo que aponta para um fluxo comprador de reais.
“Contudo esses dois fatores que vem ajudado o real se apreciar devem se acomodar no segundo semestre o que fará o real se depreciar levemente”, ressalta.
Ele cita dois argumentos que sustentam sua previsão:
- uma coisa é a expectativa de corte de juros, outra bem diferente é a queda da taxa de juros de fato. Quando começarem os cortes de fato na Selic os ativos já estarão “corrigidos”, logo imaginar uma maior apreciação por esse motivo tem limites;
- se é verdade que a atividade econômica está melhorando, como se pode ver na recente alta das expectativas de PIB no Focus e nos relatórios dos economistas, isto sugere que a demanda doméstica deve subir aumentando a a importação de bens e serviços e por conseguinte diminuindo o saldo comercial.
“Não quero com isso dizer que o real vai se depreciar fortemente, mas pode corrigir um pouco mais para cima ficando de novo no patamar dos R$ 5. As expectativas para 2024 estão melhorando na margem e isso determinará o ajuste nas variáveis financeiras no segundo semestre, mas por ora não podemos antecipar muito deste movimento”, completa