Dólar

O que fez o dólar cair mais de 1% e voltar a operar abaixo de R$ 5,50 hoje?  

23 ago 2024, 12:34 - atualizado em 23 ago 2024, 20:31
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O dólar recuou ante o real e divisas globais de olho no afrouxamento monetário nos Estados Unidos

Depois de sucessivas altas e encostar R$ 5,60 na véspera, o dólar voltou a perder força ante o real nesta sexta-feira (23), afastando-se das máximas alcançadas na semana. 

Por volta de 12h (horário de Brasília), a dólar à vista (USDBRL) estava cotado a R$ 5,49, próxima da mínima intradia. Ao longo do dia, a moeda acelerou o ritmo de quedas e fechou a 5,4794 (-1,99%). 

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O enfraquecimento do dólar ante o real foi uma reação imediata dos investidores às declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Política Monetária de Jackson Hole. 

No exterior, o indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis moedas globais como euro, também renovou a mínima intradia, com queda de 0,69%. A libra atingiu o maior nível em mais de dois anos. 

A apenas uma semana do fim de agosto, o índice caminha para a maior queda mensal desde 2021. 

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O que Powell disse? 

O presidente do Fed afirmou que “chegou a hora de ajustar a política monetária”, o que foi considerado um apoio explícito ao corte de juros nos Estados Unidos — já precificado pelo mercado. 

“Os riscos de alta para a inflação diminuíram. E os riscos de queda para o emprego aumentaram”, disse Powell em discurso no Simpósio em Jackson Hole. 

“Chegou a hora de ajustar a política. A direção a ser seguida é clara, e o momento e o ritmo dos cortes nos juros dependerão dos dados que chegarem, da evolução das perspectivas e do equilíbrio dos riscos.”

As falas de Powell reforçaram as expectativas de corte nos juros nos Estados Unidos — com um aumento das apostas de redução de 50 pontos-base, o que levaria os juros a faixa de 4,75% a 5,00% ao ano. 

Agora, os traders veem 65,5% de chance de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual no próximo mês, o que seria o primeiro movimento da taxa desde julho de 2023 e levaria os juros ao intervalo de 5,00% a 5,25% ao ano. Ontem (22), a probabilidade era de 76%.

Já as apostas de corte de 50 pontos-base saltaram de 24% (ontem) para 34,5% após as declarações do presidente do Fed. 

A próxima reunião do Federal Reserve está marcada para os dias 17 e 18 de setembro. 

Vale lembrar que quanto mais o Banco Central dos Estados Unidos reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atraente quando os rendimentos (yields) dos Treasuries caem.

Não foi só o dólar 

Além do dólar, as bolsas internacionais também reagiram ao discurso do chefe do BC norte-americano. 

Durante as falas, as bolsas de Nova York aceleraram as altas e subiram mais de 1%. 

Já os  rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasuries, aceleraram a queda e renovaram as mínimas.

O T-note de 2 anos, mais sensível à política monetária, renovou a mínima intradia  a 3,932% em meio às falas de Powell e segue abaixo de 4% após o término do discurso.

O título de 10 anos também atingiu o menor nível do dia com recuo a 3,791% e de 30 anos, referência para o mercado de hipotecas, caiu a 4,079%. 

No Brasil, o Ibovespa acelerou os ganhos e retomou o patamar dos 136 mil pontos. Dos 84 papéis que compõem a carteira do principal índice da bolsa brasileira, apenas 10 ações caem — sendo a maioria de companhias expostas ao exterior e, portanto, dolarizadas. 

As taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) acompanham o movimento dos yields dos Treasuries, com queda maior nos vértices mais longos. 

O DI para janeiro de 2025 opera a 10,82% ante 10,85% do fechamento anterior. Já o DI para janeiro de 2033 opera a 11,54% ante 11,65% do fechamento da véspera. 

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