Dólar desce às mínimas em quase cinco meses na véspera de ata do Copom
O dólar (USDBLR) fechou em queda de mais de 1% e no menor patamar em quase cinco meses nesta segunda-feira, com o real liderando os ganhos no dia entre as principais moedas globais, repercutindo um movimento de ajuste e contínuos fluxos diante do atrativo juro brasileiro.
O mercado operou ainda sob expectativa para a ata do Copom, que na terça-feira deverá oferecer mais detalhes sobre a disposição do Banco Central em seguir elevando a taxa Selic.
A alta do IGP-DI de janeiro bem acima do esperado reforçou o caso de uma política monetária restritiva.
O dólar à vista fechou em baixa de 1,33%, a 5,2541 reais.
É a maior queda percentual em uma semana e o menor patamar de fechamento desde 15 de setembro do ano passado (5,237 reais).
O real teve, com folga, o melhor desempenho diário entre 33 pares do dólar.
Na vice-liderança vinha o dólar canadense, com apreciação de 0,8%.
Outras moedas de países cujos bancos centrais vêm endurecendo o tom na política monetária também ganhavam terreno, com os vizinhos peso chileno e peso mexicano entre os destaques.
A performance dos mercados de câmbio indica que a narrativa do “carry” (retorno) segue como uma das principais explicações para a resiliência dos mercados emergentes neste começo do ano, apesar da discussão cada vez mais frenética sobre alta de juros no mundo desenvolvido.
E o real aparece entre os líderes por carregar uma das maiores taxas de retorno entre os rivais.
“Embora estejamos hesitantes em prever que isso (a boa performance dos emergentes) necessariamente continuará, acreditamos que os juros (de mercado) nos EUA fizeram a maior parte da reprecificação de curto prazo, o que significa que o fator ‘carry’ pode continuar a funcionar por enquanto”, disseram estrategistas do Citi em nota, pontuando “oportunidades seletas em alta, como o Brasil”.
Essa estratégia, porém, no caso brasileiro pode esbarrar em velhos problemas, sobretudo relativos à saúde das contas públicas, alertou a XP Asset, que enxerga “grandes dificuldades” para o país, com inflação ainda em patamares desconfortáveis e risco de discussão no ano que vem não de ajuste, mas de “um pouco de expansão fiscal”.
“Não acho que seja para sair perseguindo (comprar reais). Confesso que (o câmbio) não é um ativo no qual a gente vê alfa para ser tirado. Ficar apostando na venda de dólar a 5,25 reais não me parece um risco tão maravilhoso”, disse.
Alfa é um conceito relacionado à capacidade de um investimento render lucros acima do esperado no mercado.
O noticiário doméstico mais recentemente tem orbitado em torno de negociações em Brasília sobre maneiras de baixar os preços dos combustíveis, com propostas de emendas à Constituição que podem implicar mais gastos sem contrapartida, ameaçando deixar uma bomba fiscal para o próximo governo.