Dólar cai à mínima em quase 2 meses com fraqueza global da moeda em meio a leituras sobre juros nos EUA
O dólar (USDBLR) voltou a cair nesta quarta-feira, fechando no menor patamar em quase dois meses ante o real, com as operações locais novamente repercutindo o forte ajuste de baixa na moeda norte-americana no exterior, diante da percepção de que os Estados Unidos não serão ainda mais agressivos no processo de normalização de sua política monetária do que o esperado.
A queda do dólar nesta quarta foi uma espécie de continuação do movimento da terça.
Se na véspera o gatilho foram declarações do comandante do banco central norte-americano (Fed), Jerome Powell entendidas como indicação de um movimento gradual de alta de juros e com discussões ainda a ocorrerem sobre redução do balanço do Fed, nesta quarta a ausência de grandes surpresas em dados de inflação nos EUA corroborou a hipótese de um aperto monetário mais suave no país.
“Existe um entendimento de que mesmo a alta de juros lá fora não vai gerar o enxugamento expressivo de liquidez nos mercados emergentes, e isso está dando esse suporte para os ativos, incluindo o real”, disse Cleber Alessie, gerente da mesa de derivativos financeiros da Commcor DTVM.
As taxas de juros da dívida soberana dos EUA e também da zona do euro tiveram firmes quedas nesta quarta, refletindo desmonte de apostas em aumentos mais agressivos nos custos dos empréstimos.
No Brasil, as taxas dos contratos futuros de juros negociados na B3 (B3SA3) despencaram até cerca de 30 pontos-base, denotando alívio no sentimento de risco.
No mercado de câmbio, o dólar à vista fechou em queda de 0,79%, a 5,5358 reais na venda, menor nível desde 17 de novembro passado (5,5264 reais).
Ao longo do dia, a cotação variou entre 5,602 reais (+0,39%) e 5,5292 reais (-0,91%).
Na B3, às 17h40 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,81%, a 5,5480 reais.
No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de moedas tombava 0,7%, maior recuo desde o fim de novembro e para o menor patamar em dois meses.
Um índice do JPMorgan para divisas de mercados emergentes saltava 0,84%, para picos desde 19 de novembro de 2021.
“Os ativos emergentes têm sido resilientes em meio à liquidação da renda fixa de países centrais”, disseram estrategistas do Goldman Sachs (GS) em nota.
“Além do posicionamento leve e dos prêmios de risco já embutidos em ativos de mercados emergentes, essa resiliência provavelmente reflete sinais positivos coincidentes no crescimento global (por exemplo, algum alívio de que os danos ao crescimento do choque da Ômicron podem ser limitados)”, completaram os profissionais.
No Brasil, o dólar caiu pelo segundo dia seguido na véspera, a cotação já havia perdido 1,63%, fechando abaixo de sua média móvel de 50 dias (5,6201 reais).
Com a mais recente desvalorização, a moeda agora mira sua média móvel linear de 100 dias, de 5,5020 reais.
Uma queda abaixo dessa linha pode acionar ordens automáticas de vendas que retroalimentariam o movimento de baixa e deixaria o dólar a caminho de romper novos suportes.