Dólar renova recorde valor nominal, a R$ 6, e acumula alta de 3,2% na semana
Declarações favoráveis dos presidentes da Câmara e do Senado ao pacote fiscal do governo tiraram boa parte da pressão sobre o câmbio, mas ainda assim o dólar voltou a subir ante o real nesta sexta-feira, renovando recordes.
O dólar à vista fechou o dia com alta de 0,17%, cotado a R$ 6,0012 – maior valor nominal de fechamento da história e pela primeira vez acima dos R$ 6,00 em um encerramento de sessão. Na semana a divisa dos EUA acumulou alta de 3,21%.
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Às 17h25, o dólar para janeiro — que nesta sessão passou a ser o mais líquido — cedia 0,80%, aos R$ 5,9991.
As atenções do mercado continuaram completamente voltadas para o noticiário doméstico, reagindo ao duplo anúncio pelo governo na quarta-feira de um pacote de contenção de gastos e de uma reforma do Imposto de Renda.
O pacote fiscal, que era esperado pelo mercado, veio em linha com as expectativas, mas a reforma do IR, que amplia a faixa de isenção para quem ganha até 5 mil reais por mês, pegou os investidores de surpresa, levantando mais temores sobre o compromisso do Executivo com o ajuste das contas públicas.
No final da manhã desta sexta, a divisa norte-americana passou a devolver os ganhos, na esteira de comentários do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em defesa do pacote do governo e do equilíbrio fiscal.
Em publicação no X, Lira reafirmou “o compromisso inabalável da Câmara dos Deputados com o arcabouço fiscal” e afirmou que “toda medida de corte de gastos que se faça necessária para o ajuste das contas públicas contará com todo esforço, celeridade e boa vontade da Casa”.
Ele ainda disse que “qualquer outra iniciativa governamental que implique em renúncia de receitas será enfrentada apenas no ano que vem, e após análise cuidadosa e sobretudo realista de suas fontes de financiamento”.
Pacheco, por sua parte, disse a jornalistas depois que apoia “com restrições e possibilidade de incremento” o pacote fiscal do governo e que a reforma do IR deve ser analisada somente “mais à frente”.
As falas ajudaram a aliviar a cotação do dólar.
“Após a reação explosiva ao plano do governo, houve um grande movimento de alívio quando Lira reforçou o compromisso com o arcabouço fiscal. Ele já possuía detalhes sobre o plano de corte de gastos, e seu posicionamento de hoje reafirma a visão de que a responsabilidade fiscal será respeitada”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Outro analista ouvido pela Reuters também chamou a atenção para um movimento de realização de lucros nesta sessão, em meio aos patamares historicamente altos que o dólar atingia.
*Com informações da Reuters