Dólar à vista sobe quase 2% e fecha a R$ 5,59 com falas de diretores do BC e dados nos EUA
Nesta quinta-feira (22), o dólar à vista (USDBRL) voltou a se aproximar de R$ 5,60 com dia agitado por dados de atividade econômica nos Estados Unidos e declarações dos diretores do Banco Central Brasileiro.
A moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,5904 (+1,98%).
O avanço do dólar foi puxado pelo exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, fechou com alta de 0,51%.
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O que mexeu com o dólar hoje?
A moeda norte-americana voltou a ganhar força no Brasil e no exterior, em meio a divulgação de novos dados da maior economia do mundo — que reforçaram as apostas de corte nos juros pelo Federal Reserve (Fed) em setembro e fizeram os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos renovarem máximas intradiárias.
O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego aumentou na última semana, mas em um nível que sugeriu condições mais brandas no mercado de trabalho.
Outra pesquisa mostrou que a atividade empresarial do país desacelerou para o menor nível em quatro meses em agosto.
Além disso, o mercado acompanhou novas declarações do dirigentes do Fed no primeiro dia do Simpósio de Política Econômica de Jackson Hole — um encontro anual de autoridades de bancos centrais, para obter mais sinais sobre a trajetória.
Entre eles, o presidente da unidade do BC norte-americano da Filadélfia, Patrick Harker, disse que está de acordo com um corte na taxa de juros em setembro, desde que os dados apresentem o desempenho esperado.
Harker afirmou ainda que o tamanho de qualquer corte é menos importante do que o escopo geral, observando que “uma abordagem lenta e metódica é o caminho certo a seguir”.
Agora é esperado o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, previsto para amanhã (23).
No cenário doméstico, o mercado segue precificando uma alta de, pelo menos, 25 pontos-base na taxa básica de juros, a Selic, em setembro. Durante o dia, os investidores acompanharam novas declarações dos diretores de Política Econômica, Diogo Guillen, e de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo — consideradas mais ‘hawkish’.
Guillen disse que os cenários externo e doméstico seguem com “muita incerteza”. “Eu sigo vendo [o cenário] assim: projeções mais elevadas e com mais riscos, levando a um cenário mais desafiador para o Comitê [de Política Monetária, Copom]. Vai ser importante ir acompanhando os dados”, disse em evento organizado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Já Galípolo afirmou que suas falas recentes não colocaram o BC em um “corner” — referência a uma situação difícil — em relação ao que será feito com a Selic em setembro. Ele reiterou que a autoridade monetária subirá a taxa básica de juros se necessário.
“Inflação fora da meta é situação desconfortável, e ter que subir juros é situação cotidiana para quem está no Banco Central”, disse o diretor em evento promovido pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).