Dólar

Dólar nas alturas: moeda norte-americana dispara a R$ 5,79 após payroll e atinge maior nível desde março de 2021

02 ago 2024, 10:08 - atualizado em 02 ago 2024, 16:05
dólar giro do mercado
(Imagem: Vladislav Reshetnyak/Pexels)

Nesta sexta-feira (2), o dólar à vista (USDBRL) renovou a máxima do ano, mais uma vez.

A moeda norte-americana disparou a R$ 5,7936 (+1,02%) após o relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, vir abaixo do esperado. O país criou 114 mil vagas de emprego em julho ante consenso de 180 mil postos de trabalho para o mês. A taxa de desemprego também subiu de 4,1% em junho para 4,3% em julho; as expectativas eram de estabilidade.

Sendo assim, o dólar à vista atingiu o maior nível desde março de 2021 na comparação com o real.



O desempenho da moeda norte-americana vai na contramão do exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, chegou a cair quase 1% após o payroll — com a consolidação das apostas de corte nos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed) e a forte valorização do iene.

Ontem (1º), a divisa norte-americana já tinha renovado a máxima intradia do ano ao atingir R$ 5,7430 (+1,55%), com a perspectiva de que a maior economia do mundo está desacelerando. Até então o maior patamar do dólar no ano tinha sido registrado em 2 de julho, quando atingiu R$ 5,7009.

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Reação ao payroll

A reação, porém, não foi exclusiva do dólar. Os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, os Treasuries, renovaram as mínimas — com o aumento da demanda dos investidores por segurança. Os juros projetados para a dívida de dez anos atingiu o menor nível intradiário a 3,788% e os de 30 anos, referência para o mercado de hipotecas, caíram a 4,144%.

O ouro também acelerou os ganhos. Os contratos mais líquidos do ouro, com vencimento em dezembro, subiu mais de 1,5%, a US$ 2.519,10 por onça-troy na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (ICE).

“Começou a entrar um medo de recessão nos Estados Unidos. Os últimos dados vieram mais fracos e, de repente, o mercado está saindo do registro de soft landing e entrando em um cenário de hard landing, de pouso forçado — ou seja, não é um avião que aterrissa, mas sim uma avião que cai e uma parada mais brusca de economia norte-americana” afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Na véspera, o VIX, índice que mede a aversão ao risco em Wall Street — também conhecido como o ‘índice do medo’ — disparou mais de 18%, no maior nível desde 19 de abril.

O mercado também passou a precificar mais cortes na taxa de juros dos Estados Unidos. Com a probabilidade de 100% de início do afrouxamento monetário pelo Fed em setembro, os traders agora veem maior chance de redução de 50 pontos-base nos juros na próxima reunião.

“A possibilidade de um corte em setembro parece cada vez mais real e provável, especialmente num cenário onde especialmente num cenário onde aquele que é um dos principais mandatos do Fed – a estabilidade do mercado de trabalho – mostra sinais de enfraquecimento. A mudança de direção na política monetária é agora cada vez mais certa”, diz William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.

Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, as chances de redução dos juros para a faixa de 4,75% a 5,00% aumentou de 30,5% (antes do payroll) para 69,5%. Essa perspectiva contraria a o posicionamento do presidente do Fed, Jerome Powell.

Na última quarta-feira (31), Powell descartou uma possível redução de juros em setembro maior do que 25 pontos-base.

Mesmo assim, após o payroll, o mercado começou a projetar corte de até 100 pontos-base até dezembro.

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Dólar passa a cair após o susto do payroll

Contudo, após o susto com o payroll, o dólar à vista voltou a perder força ante o real. Por volta de 10h40 (horário de Brasília), a moeda norte-americana caía 0,02%, a R$ 5,7326.

Por aqui, os investidores reagem a novos dados domésticos.

A produção industrial brasileira encerrou o segundo trimestre com crescimento acima do esperado em junho, quando houve o maior ganho de produção em quatro anos.

Em junho, a produção teve alta de 4,1% na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (2). O resultado foi bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 2,4%

Foi o maior crescimento desde julho de 2020 (+9,1%), interrompendo dois meses seguidos de perdas e ultrapassando o patamar pré-pandemia ao ficar 2,8% acima de fevereiro de 2020. No entanto, o setor ainda está 14,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

“O dado de produção industrial foi robusto, impulsionado pela retomada de várias plantas industriais, especialmente no Rio Grande do Sul, conforme explicado pelo IBGE. Isso sugere um viés de alta nas projeções do PIB, pois, apesar dos danos no Rio Grande do Sul, houve uma recuperação rápida em formato de V, o que mitiga impactos negativos no PIB de 2024”, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Além disso, o mercado precifica que há espaço para um contigenciamento de até R$ 50 bilhões no Orçamento deste ano — ou seja, bem acima dos R$ 15 bilhões anunciados pelo governo. A expectativa é de que novos cortes sejam anunciados até o final do ano.

 

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