Dólar abaixo de R$ 5 ou acima de R$ 5,50? Veja cenários com resultado das eleições
O tão esperado dia se aproxima. Amanhã, brasileiras e brasileiros voltam às urnas após quatro anos, enquanto outros irão pela primeira vez, eleger um novo governo. Um novo que, na verdade, é velho.
Se eleito, Jair Bolsonaro (PL) entra para o time de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff de presidentes reeleitos. Enquanto Lula (PT) pode comandar o país pela terceira vez. E como fica o dólar até o fim do pleito eleitoral?
Bem, quando Lula foi eleito pela primeira vez, há exatos 20 anos, o dólar chegou ao inédito patamar de R$ 4,00. Um estresse que fez a moeda subir quase 5% em um único pregão naqueles dias pós-primeiro turno.
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Já na eleição de Bolsonaro, em 2018, mesmo com a agenda pró-reformas abraçada pelo mercado, o dólar exibiu forte volatilidade e foi a R$ 3,80, um patamar alto à época. Eram investidores estrangeiros receosos com a postura e agenda do atual presidente.
Dólar perto de R$ 5 ou acima de R$ 5,50
Caso o presidente seja definido neste domingo, em primeiro turno, o analista político da Levante, Felipe Berenguer, avalia que, independentemente do eleito, é possível que o dólar volte ao patamar de R$ 5,00 até o fim do ano.
Por outro lado, a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, vê a moeda norte-americana rompendo os R$ 5,50 caso a disputa presidencial vá para o segundo turno.
“Aí, veríamos a volatilidade prevista no início deste ano e que não teve durante o primeiro turno”, diz. Mesmo com o dólar ganhando força, saindo de R$ 5,20 para R$ 5,40, na última semana antes da eleição.
Lula eleito em primeiro turno
Para Berenguer, a eleição de Lula, líder nas pesquisas de intenção de votos, em primeiro turno seria mais positiva para o dólar. Segundo ele, o mercado trabalha com o favoritismo do petista, já tendo precificado sua vitória. Mesmo que investidores ainda não saibam “qual Lula” governaria o país.
“No curto prazo, a eleição dele seria positiva para o câmbio e haveria boa reação dos mercados pela liquidação do assunto”, comenta, acrescentando que a escolha por Lula deverá trazer mais fluxo de investidores estrangeiros nos próximos meses.
Em contrapartida, Abdelmalack destaca que a incerteza em relação à equipe e política econômica adotada por Lula poderá ser um elemento surpresa e de instabilidade no mercado. “É um cheque em branco que esperamos ser preenchido”, comenta.
Bolsonaro eleito em primeiro turno
Com Bolsonaro sendo eleito amanhã, a economista-chefe da Veedha diz ver um alívio gradual para o dólar, uma vez que a política econômica do presidente já é conhecida, além de parte de sua equipe, com a continuidade de Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia
Além disso, segundo ela, o mercado poderá renovar seu voto de confiança em Bolsonaro, acreditando em uma aceleração da agenda liberal do presidente.
Entretanto, Berenguer vê o dólar tendo um alívio mais intenso com a reeleição do atual presidente do que com Lula eleito.
“Podemos ver um dólar indo a R$ 4,90, R$ 4,80 até o início do ano que vem. Um alívio gradual no câmbio, com o mercado absorvendo a agenda reformista e econômica de Bolsonaro”, observa.
2º turno após goleada ou placar magro
Seja com um placar largo ou apertado entre os dois principais candidatos, Bolsonaro e Lula, Abdelmalack e Berenguer veem um dólar volátil nas próximas semanas, caso tenha segundo turno.
O analista político, porém, diz que quanto menos acirrada for a votação entre eles no primeiro turno, maior a estabilidade da taxa de câmbio.
“Com resultado mais acirrado, teremos mais incertezas à frente e mais volatilidade para o dólar, com tendência altista diante a aversão ao risco”, diz.
A economista da Veedha ressalta que essa volatilidade virá da maior exposição dos candidatos, sendo obrigados a manifestar sobre as políticas econômicas de seus governos.
“O mercado vai acompanhar essas pautas dos candidatos. E dependendo do que for exposto por eles, o dólar pode testar um patamar acima dos R$ 5,50 [o maior desde julho]”, pondera.
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Berenguer vai além. Para ele, possíveis contestações do resultado da eleição, principalmente por Bolsonaro, tornam-se um grande fator de risco para o dólar. O que seria mal visto pelo exterior e poderia valorizar ainda mais a moeda estrangeira.
De todo, segundo Abdelmalack e Berenguer, o “x da questão” na disputa em um eventual segundo turno será as propostas de Bolsonaro e de Lula para o controle da política fiscal nos próximos quatro anos de governo. É aí que, de fato, a eleição pesará sobre o dólar.
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