Dólar encosta em R$ 6 e fecha no maior nível em quase três com escalada da guerra tarifária

O dólar voltou a encostar nas máximas históricas com a escalada da guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China — o que elevou as preocupações dos investidores
Nesta terça-feira (7), dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,9979, com alta de 1,48%, no maior nível desde 21 de janeiro. Durante a sessão, a divisa atingiu R$ 6,0054.
O movimento destoou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, caía 0,29%, aos 102,964 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
A escalada da guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China concentrou as atenções dos investidores.
No início da tarde, a Casa Branca confirmou a imposição da tarifa adicional de 50% sobre os produtos chineses a partir de amanhã (9), como o prometido anteriormente. Na véspera, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou elevar a alíquota (anterior) de 34% para 50% caso a China não retirasse as taxas retaliatórias sobre os produtos norte-americanos — e não houve negociações.
Com a sobretaxa, os EUA taxaram os produtos da China em 104%. Minutos antes do anúncio da Casa Branca, o Ministério do Comércio da China afirmou que o país estava pronto para “lutar até o fim”.
Por outro lado, a Casa Branca informou que quase 70 países entraram em contato para iniciar negociações sobre as tarifas de importação. Hoje (8), Trump sinalizou um possível “grande acordo” com a Coreia do Sul. Ontem (7), ele também disse que o Japão deve enviar uma “equipe de ponta” aos EUA para um acordo sobre o plano tarifário.
Relembrando: na semana passada, Trump anunciou o plano tarifário com taxa universal de 10% sobre todas as importações no território norte-americano, que entrou em vigor no último sábado (5). Além disso, o governo estabeleceu taxas recíprocas, que são direcionadas aos países em que os EUA têm déficits comerciais, que começam a valer na próxima quarta-feira (9) — sendo a China a com maior alíquota, de 34%.
A China, em reposta, anunciou uma tarifa de 34% sobre a importação dos produtos norte-americanos, que começa a valer na próxima quinta-feira (10) — um dia após a tarifa de 34% dos EUA contra a China entrar em vigor.
O dólar também ganhou força ante as moedas emergentes, com o enfraquecimento das commodities. O contrato mais líquido do minério de ferro, com vencimento em setembro, caiu 3,48%, a 643 yuans (US$ 94,81) a tonelada na Bolsa de Dalian, na China. Já o contrato mais negociado do petróleo Brent, para maio, fechou com baixa de 2,16%, a US$ 62,82 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
Em linhas gerais, países emergentes e exportadores de commodities são mais sensíveis aos preços — e as moedas pressionadas com a queda das matérias-primas.
O que mexeu com o dólar no Brasil
No cenário doméstico, os agentes financeiros repercutiram dados macroeconômicos. De acordo com dados do Banco Central, a dívida bruta brasileira em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 75,7% em janeiro para 76,2% em fevereiro, em linha com as expectativas dos analistas consultados pela Reuters. Já a dívida líquida do setor público foi a 61,4%, brevemente menor que as estimativas.
Já o déficit primário do setor públicos consolidado foi de R$ 18,973 bilhões em fevereiro, menor do que o esperado pelo mercado. Os economistas consultados pela Reuters projetavam um saldo negativo de R$ 31,5 bilhões.
“Não esperamos o cumprimento da meta de resultado primário de -0,6% do PIB neste ano (considerando abatimentos e o limite inferior da meta oficial de 0%), embora reconheçamos que os riscos são de um resultado melhor do que o que estimamos atualmente, diante do esforço contínuo do governo na agenda de receitas”, afirmou o economista Thales Guimarães, do Itaú BBA, em nota.
Ao longo da semana, os investidores concentram as atenções na divulgação de novos indicadores econômicos, entre eles, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), de fevereiro.