Dólar interrompe sequência de quedas e fecha em alta a R$ 5,79
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Depois de completar a maior sequência de perdas ante o real na história, o dólar à vista (USDBRL) voltou ao território negativo com dados de atividade econômica e empregos nos Estados Unidos. Por aqui, números da indústria e declarações de autoridades também movimentaram o câmbio.
Nesta quarta-feira (5), a moeda norte-americana encerrou a R$ 5,7942 (+0,38%). Apesar do avanço, o dólar acumula queda de mais de 6% no ano.
O movimento destoou da tendência vista no exterior. Às 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, recuava 0,32%, aos 107.637 pontos.
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o dólar ganhou fôlego em meio a uma movimento de correção, após 12 sessões consecutivas de queda ante o real, com a divulgação de novos dados locais.
Entre eles, a produção industrial brasileira registrou queda de 0,3% em dezembro na comparação com o mês anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ante o mesmo mês do ano anterior, a produção subiu 1,6%. O resultado ficou acima do esperado e refletiu na abertura da curva de juros.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também fez novas declarações nesta quinta-feira (5). Ele reiterou que a reforma do Imposto de Renda (IR) a ser proposta pelo governo, que prevê isenção para quem ganha até 5 mil reais por mês, irá incluir medidas para compensar a renúncia fiscal.
“Nenhuma renúncia fiscal no Brasil pode ser feita sem compensação”, afirmou Haddad durante rápida entrevista ao lado do novo presidente da Câmara, deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB). “O presidente vai anunciar quando conveniente.”
Pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse mais uma vez que pode retaliar os Estados Unidos com tarifas de importação caso Trump imponha taxas aos produtos brasileiros.
Exterior
No exterior, o dólar manteve o ritmo de quedas, em meio ao temor de uma guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. Enquanto as negociações não avançam, a segundo maior economia do mundo apresentou uma contestação sobre as novas medidas tarifárias pelo governo Trump sobre os produtos chineses.
Vale lembrar que, no último fim de semana, os EUA anunciou uma tarifa adicional de 10% para a China.
Mas, em retaliação, o gigante asiático impôs uma taxa de 15% sobre o setor energético, o que inclui carvão, gás natural; e uma alíquota de 10% sobre o petróleo bruto, maquinário agrícola, veículos de grande cilindrada e caminhonetes. A medida foi anunciada na última terça-feira (4) e deve entrar em vigor em 10 de fevereiro.
Os dados de atividade norte-americana também ganharam destaque.
A atividade do setor de serviços do país desacelerou inesperadamente em janeiro em meio ao arrefecimento da demanda, ajudando a conter o aumento dos preços. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor caiu de 54,0 em dezembro para 52,8 em janeiro, segundo dados do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM). Os economistas consultados pela Reuters previam alta para 54,3.
Além disso, a criação de vagas de trabalho no setor privado norte-americano aumentou em janeiro, segundo o Relatório Nacional de Emprego da ADP. Foram abertas 183.000 vagas de emprego no mês passado, depois de um aumento revisado para cima de 176.000 em dezembro.
Após os dados, os agentes financeiros ampliaram a aposta de corte acumulado de 50 pontos-base nos juros dos EUA pelo Federal Reserve — o que levaria os juros à faixa de 3,75% a 4,00% no final de 2025. Hoje, há 32,5% de chance.
Para a próxima reunião, em março, a probabilidade de manutenção dos juros no intervalo atual de 4,25% a 4,50% seguem majoritárias, de acordo com a ferramenta de monitoramento do CME Group.