Dólar cai pela 12ª vez e tem maior sequência de perdas ante o real na história; moeda norte-americana fecha a R$ 5,77
O dólar à vista (USDBRL) manteve o ritmo de perdas ante o real pela 12ª sessão consecutiva em um dia movimentado no Brasil e no exterior. Essa é a maior sequência de queda da divisa desde a criação do real.
A reação se deve à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), às políticas tarifárias do governo Trump e aos dados mais fracos nos Estados Unidos, que repercutiram sobre o câmbio.
Nesta terça-feira (4), a moeda norte-americana encerrou a R$ 5,7724 (-1,75%). Durante a sessão, a divisa atingiu mínima a R$ 5,7573 — no menor nível desde novembro do ano passado.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. No mesmo horário, o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, recuava -1,03%, aos 107.963 pontos.
Até agora, a moeda norte-americana acumula uma desvalorização de 6,60% sobre o real.
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, a reação à ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi o destaque do dia.
O documento sobre a decisão, que elevou a Selic para 13,25% e contratou mais uma alta nos juros em março, afirmou que “é necessária cautela e parcimônia na análise recente dos dados de atividade econômica” e que a “desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida”.
Na avaliação dos economistas, a ata veio com um tom mais hawkish (agressiva) que o comunicado da decisão do Copom. Logo após a divulgação da ata pelo Banco Central, a curva de juros passou a precificar uma Selic próxima a 16% no fim de 2025.
Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a queda recente do dólar “ajuda muito” no combate à inflação, em entrevista a jornalistas.
“O dólar estava R$ 6,10 e está R$ 5,80, isso já ajuda muito. Com a ação do Banco Central e a ação do Ministério da Fazenda, essas variáveis macroeconômicas se acomodam em outro patamar e isso certamente vai favorecer”, disse o ministro.
Mas o que pesou contra o dólar foi, de fato, o exterior.
Depois dos acordos de pausa temporária das tarifas com o México e o Canadá, o mercado ficou na expectativa de uma negociação dos Estados Unidos com a China — que também foi alvo de tarifas no último final de semana.
O país governado por Trump impôs uma taxa de 10% sobre os produtos chineses. Hoje (4), em contrapartida, a China anunciou uma taxa de 15% sobre o setor energético, o que inclui carvão, gás natural; e uma alíquota de 10% sobre o petróleo bruto, maquinário agrícola, veículos de grande cilindrada e caminhonetes fabricados nos EUA. Por enquanto, as medidas devem entrar em vigor em 10 de fevereiro.
Os dados de atividade econômica dos Estados Unidos mais fracos também repercutiram. As vagas de emprego em aberto no país, segundo o relatório Jolts, caíram de forma acentuada em dezembro e ficaram abaixo das expectativas do mercado.
Os investidores aguardam ainda o relatório ADP, sobre a criação de vagas no setor privado, e o relatório payroll de janeiro — considerado o dado mais importante sobre o mercado de trabalho norte-americano, que será divulgado na próxima sexta-feira (7).
Após os dados, os agentes financeiros ampliaram a aposta de corte acumulado de 50 pontos-base nos juros dos EUA pelo Federal Reserve — o que levaria os juros à faixa de 3,75% a 4,00% no final de 2025. Para a próxima reunião, em março, a probabilidade de manutenção dos juros no intervalo atual de 4,25% a 4,50% seguem majoritárias, de acordo com a ferramenta de monitoramento do CME Group.