Economia

Dólar: 3 fatores que podem fazer a moeda cair em 2022

21 jan 2022, 14:47 - atualizado em 21 jan 2022, 14:47
Dólar
Dá para cravar que o dólar vai cair em 2022? Ainda não, diz especialista (Imagem: Hafidz Mubarak/via Reuters)

O dólar se recupera nesta sexta-feira (21), após fechar as duas últimas sessões em forte queda. Ainda assim, a moeda norte-americana caminha para sua segunda baixa semanal consecutiva.

Ontem, o dólar fechou com desvalorização de 0,92%, a R$ 5,41, em meio a uma estabilização das taxas dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e novo rali de moedas de risco.

Cristiane Quartaroli, economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, destaca que a queda não é consistente o suficiente para cravar que o dólar vai cair em 2022.

No entanto, a especialista vê alguns fatores que poderiam levar a uma desvalorização da moeda norte-mericana frente ao real.

Na opinião de Quartaroli, o que contribuiria para um alívio da taxa de câmbio no Brasil é uma melhora no quadro geral da pandemia, pois levaria ao retorno à normalidade das economias globais, levando a mais fluxo de capital girando no mundo.

“A gente começa a ver o comércio funcionando de forma mais normalizada, com China e EUA demandando mais da gente. Isso gera mais fluxo no mundo e acaba sendo mais positivo para moedas emergentes”, afirma.

O segundo fator é o aumento dos juros brasileiros, pois tende a trazer mais fluxo para o país.

“Se a gente tem uma economia voltando a funcionar de forma mais equilibrada e estamos em um quadro de aumento de juros por conta do cenário de inflação elevada, o fluxo vem para cá. São os investidores colocando dinheiro na economia pensando nos rendimentos desses juros”, diz a economista.

O terceiro e último motivo são as commodities, cujos preços deram uma alavancada nesta semana – principalmente o petróleo, que atingiu máxima em mais de sete anos, impulsionado por preocupações com a oferta.

Por que não dá para ficar tão otimista?

De acordo com Quartaroli, o cenário mais provável para o ano é que o dólar permaneça forte em relação ao real, uma vez que o pano de fundo macroeconômico brasileiro continua ruim.

“A gente ainda não vê um crescimento sustentável da nossa economia”, diz. “Temos uma economia que vai crescer muito pouco, uma taxa de inflação ainda elevada, o que acaba influenciando de forma negativa o poder de compra da população, e uma taxa de juros também muito alta”.

Outro problema com o qual o Brasil ainda está convivendo é a questão fiscal. Quartaroli lembra que, ao longo dos últimos dois anos, houve no país um forte aumento de gastos públicos direcionados à minimização dos impactos causados pela Covid-19. Agora, as preocupações são relacionadas à corrida presidencial.

“O que preocupa neste ano é que a gente continue vendo mais aumentos de gastos ao longo dos próximos meses por ser um ano eleitoral. O governo atual pode ficar tentado a gastar mais para angariar mais votos. Isso acaba sendo ruim”, explica a especialista.

Quartaroli diz que os problemas fiscais no Brasil demonstram em parte por que os investidores acabam correndo para as economias mais “seguras”, como os EUA, por exemplo, que também vive um momento de elevação dos juros. Com isso, o fluxo de capital vai para o mercado norte-americano, o que impacta negativamente a moeda brasileira.

Para o fim do ano, o Ourinvest trabalha com uma expectativa próxima a R$ 5,50 para a cotação do dólar.

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