Dólar ignora tarifas de Trump mais uma vez e fecha em queda a R$ 5,76
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O dólar à vista (USDBRL) retomou o ciclo de quedas e perdeu força ante o real pela segunda sessão consecutiva, mesmo com a imposição da tarifa sobre o aço e o alumínio pelos Estados Unidos. Os investidores também repercutiram a desaceleração da inflação em janeiro.
Nesta terça-feira (11), a moeda norte-americana encerrou a R$ 5,7678 (-0,31%).
O movimento acoompanhou da tendência vista no exterior. Às 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, tinha baixa de 0,37%, aos 107,951 pontos.
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o mercado repercutiu Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro. A inflação registrou uma alta de 0,16% no primeiro mês do ano, ante uma alta de 0,52% em dezembro. No acumulado de 12 meses, o IPCA está em 4,56% — ainda acima do teto da meta de inflação.
Para o Bank of America (BofA), a desaceleração do IPCA de janeiro em comparação com dezembro deve-se ao desconto nas tarifas residenciais de energia elétrica (bônus de Itaipu).
Os economistas do banco afirmaram que a atividade econômica tem mostrado sinais de desaceleração em dados recentes de alta frequência, mas com o desemprego em níveis muito baixos, a tradução de atividade lenta em inflação mais baixa pode demorar um pouco.
Já a M0nte Bravo avaliou que a inflação reforçou a necessidade de o Banco Central (BC) manter uma “postura firme”. “Acreditamos que a deterioração do cenário inflacionário exigirá a continuidade do ciclo, com uma elevação de 50 pontos-base nas reuniões de maio, levando a taxa Selic terminal para 14,75% ao ano”, disse o economista-chefe, Luciano Costa.
O real também engatou uma nova alta em meio à valorização das commodities, a despeito da taxação de 25% sobre o alumínio e o aço imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Para a gerente de Research da Nomad, Paula Zogbi, o anúncio das novas tarifas vem com o benefício da dúvida, já que as medidas entrarão em vigor apenas em março e ainda há espaço para flexibilizações na implementação.
No exterior, o divisa norte-americana também perdeu força com novas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Em audiência no Senado, o chefe do BC dos Estados Unidos afirmou que não há pressa para cortar os juros — hoje na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
“Com nossa postura política agora significativamente menos restritiva do que era e a economia permanecendo forte, não precisamos ter pressa para ajustar nossa postura política”, disse Powell. “A economia está forte no geral e fez progressos significativos em direção às nossas metas nos últimos dois anos.”
Ele também disse que não é papel do BC comentar sobre tarifas ou políticas comerciais, mas reagir ao impacto que elas têm na economia.
Segundo a ferramenta de monitoramento FedWatch, do CME Group, os traders veem 37% de chance de os juros encerrar o ano na a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano. Antes do depoimento, a probabilidade era de 35%
Os investidores também operaram à espera do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que será divulgado amanhã (12).